O ex-governador do Rio Sérgio Cabral chegou ao Rio por volta das 19h45 desta quarta-feira (11), no Aeroporto Internacional do Galeão. Após cumprir pena em Curitiba por quase três meses, ele teve a volta ao Rio autorizada pela 2ª Turma do STF na terça-feira (10), por 3 votos a 1.
Cabral deixou o Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba, às 14h49, e seguiu para o Aeroporto Afonso Pena, de onde decolou às 17h23. Por volta das 20h, ele saiu do Galeão em direção ao Instituto Médico Legal, em seguida, foi levado para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
Inicialmente, foi divulgado no site do STF que ele voltaria para Benfica. O advogado de Sérgio Cabral, Rodrigo Roca, disse que vai recorrer da decisão.
"O envio do ex-Governador ao Presídio de Bangu 8 foi, antes de um contrassenso, um despropósito. Além da distância da Vara Federal onde estão os 22 processos deflagrados contra ele, vai de encontro à proposta do próprio sistema penitenciário que construiu um presídio inteiro para abrigar presos da Lava Jato, justamente em Benfica. Sérgio Cabral está recorrendo das suas condenações assim como vários outros presos que permanecem em Benfica", alegou Roca.
A transferência de Cabral foi concedida pelo Supremo Tribunal Feral (STF). O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância no Paraná, determinou a transferência pouco antes das 14h e reforçou que o deslocamento do ex-governador fosse feito sem o uso de algemas.
Ao chegar em Curitiba, em janeiro, Cabral foi transportado com algemas e correntes nos pés para fazer o exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML). O protocolo usado pela Polícia Federal causou polêmica. Na época, o delegado da Polícia Federal (PF) Igor Romário de Paula disse que o uso de algemas nos pés e nas mãos do ex-governador foi necessário para garantir a segurança do próprio preso, da equipe policial e de terceiros.
Sérgio Cabral foi preso em novembro de 2016. No dia 18 de janeiro, ele foi transferido do presídio de Benfica para presídio do Paraná, após denúncias de que estava recebendo regalias na prisão. A decisão de tirá-lo do Rio de Janeiro foi tomada em conjunto pelos juízes da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro e da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Sérgio Cabral na Lava Jato
Cabral foi preso, no Rio de Janeiro, pela Lava Jato no dia 17 de novembro de 2016. Ele foi levado a Curitiba, onde ficou por uma semana e, depois, voltou ao Rio de Janeiro. Em Curitiba, Cabral foi condenado a 14 anos e dois meses de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A Justiça considerou que ele e mais dois assessores receberam vantagens indevidas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Atualmente, esse processo está em grau de recurso, noTribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre.
No Rio de Janeiro, Cabral virou réu 22 vezes em processos oriundos da Operação Lava Jato. Ao todo, contando a sentença proferida pela Justiça Federal do Paraná, Cabral foi condenado em quatro ações penais.
A última denúncia aceita contra Cabral foi em 5 de abril. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), a Fecomércio "valeu-se do esquema de lavagem de dinheiro" comandado por operadores de Cabral, dissimulando mais de R$ 3 milhões. Todo o esquema teria movimentado R$ 7,5 milhões.