Bruno Gagliasso - ator produz filme para atuar com a mulher
De Katmandu, no Nepal, ond Imagem: ReproduçãoClique para ampliarBruno Gagliasso - ator produz filme para atuar com a mulher e gravou durante 15 dias num monastério tibetano as primeiras cenas da próxima novela das seis da TV Globo, Joia Rara, Bruno Gagliasso desembarcou no Festival de Cannes para divulgar ‘Isolados’, o primeiro longa produzido e estrelado por ele, por meio de sua produtora, a Escambo. “É um thriller sobre a síndrome de Cotard, um transtorno que leva as pessoas a acreditarem que estão mortas”, conta o ator em entrevista à coluna direto do festival de cinema.
No filme, que estreia em outubro e custou cerca de R$ 2 milhões, Bruno interpreta um psiquiatra que trata a personagem vivida pela atriz Regiane Alves. “É um suspense psicológico. Quis fugir um pouco dessa onda de comédias do cinema brasileiro e arriscar mais”.
Depois da novela, em que vai contracenar pela primeira vez com a mulher, a atriz Giovanna Ewbank, Bruno vai produzir outro filme para atuar ao lado dela. Vou viver um assaltante de um cassino clandestino e ela, meu par romântico, uma stripper. No mínimo, vai pegar fogo”, diz ele. “Temos muitos projetos juntos, inclusive filhos na hora certa. Por enquanto, estamos treinando com nossos quatro cachorros”.
Por que escolher um tema tão espinhoso para a primeira produção pilotada por você no cinema?
Quis fugir um pouco dessa onda de comédias do cinema brasileiro. Temos muitas outras possibilidades, precisamos arriscar mais. Embora pouco conhecida, essa síndrome está aí e quase invisível. As pessoas chegam a se mutilar para provarem que estão mortas. Nem pensei duas vezes em embarcar nesse desafio.
De um mosteiro no Nepal para Cannes, a diferença foi bem gritante nesses últimos dias, não?
Bota gritante nisso. O Nepal é um lugar muito interessante, tão bonito e tão triste ao mesmo tempo. Triste por causa da miséria e da poluição, mas bonito porque elas não levam as pessoas à agressão. Fiquei muito impressionado com o olhar das pessoas em relação ao outro. Fiz amizade com um grande monge brasileiro que mora lá.
O que essa volta às novelas depois de dois anos vai trazer de diferente?
Tenho fama de galã, mas demorei 31 anos para fazer um mocinho. Eu vivo um alpinista que é o primeiro brasileiro a escalar o Everest. Assim que ele finca a bandeira brasileira, uma avalanche o pega e ele é encontrado por uns monges praticamente morto. Eles cuidam dele e ele faz amizade com o monge mais importante, que morre e reencarna na minha filha, que vai ser interpretada pela Mel Lisboa (que interpretou a menina Rita em ‘Avenida Brasil’). A história é linda. A novela fala sobre a diferença entre essa sanha capitalista e a espiritualidade.
Havia tido algum contato com budismo antes de gravar?
Nunca tinha tido nenhum contato antes. Fui para o Nepal sem ser ler nada sobre o assunto. Meu personagem não acredita em Deus, acha que a religião é um artifício criado pelo homem para justificar o medo da morte. Eu fui nesse espírito cético. Fui para lá disposto a descobrir e me encantei.
Será a primeira vez que você vai trabalhar numa novela com a sua mulher, a atriz Giovanna Ewbank.
Não temos nenhuma cena juntos prevista, mas estamos muito felizes, planejando o futuro. Temos muitos projetos, inclusive filhos na hora certa. Por enquanto, estamos treinando com nossos quatro cachorros. E ainda vamos fazer um filme juntos em março, quando a novela acabar, ‘Cassino Clandestino’, que eu também estou produzindo. Vou viver um cara que perde tudo no jogo e resolve assaltar um cassino clandestino. A Giovanna vai viver uma stripper que namora esse cara. No mínimo, vai pegar fogo.
Bruno escreveu um texto para os leitores da coluna contando sua experiência de sair do Nepal para o frenesi do tapete vermelho de Cannes e o lançamento de sua primeira produção.
4 x psicose, a matemática da insônia.
Por Bruno Gagliasso
“Psicose é o título de um filme de Hitchcock, um mestre do cinema. Por quatro vezes na minha carreira, ainda tão curta, tive a sorte de poder mergulhar nesse universo tão rico e, ao mesmo tempo, tão perigoso para um ator. Mas sorte mesmo acho que estou tendo agora, num momento que estreio no cinema como ator e co-produtor de um longa e já me vejo participando de um festival tão incrível como o de Cannes.
Estou vivendo uma mistura de encantamento e pânico. Mas não se preocupem, não ficarei psicótico. Trata-se apenas da responsabilidade natural com que encaro meus trabalhos, no máximo algumas noites de insônia.
Comecei minha carreira cedo, conheço o sucesso e reconheço sua fragilidade. Tenho perdido o sono com questões muito objetivas, nada a ver com vaidade, até porque eu sou apenas um dos profissionais que participaram da realização de ‘Isolados. Estou impressionado é com a força do cinema brasileiro, um lugar novo para mim.
Minha imagem viaja o mundo através das novelas e me orgulho muito disso. Mas não é novidade para ninguém a dificuldade de fazer cinema no Brasil e, logo na primeira vez, em que minha produtora, Escambo, participa de um trabalho já ganha essa escala meteórica de repercussão. Eu, um iniciante na produção cinematográfica, já me vejo em Cannes?! Ainda que numa mostra paralela, pronto, perdi o sono!
Nunca tive essa pretensão e tenho consciência da responsabilidade que cairá sobre meus ombros. E não é que na minha frente tem uma pilha de capítulos de um novo trabalho onde finalmente farei um mocinho. Tenho fama de galã, mas demorei 31 anos para fazer um mocinho.
Com a minha perna esquerda estou em Cannes e sou um psicótico, com a direita estou no Nepal gravando o mais centrado e justo dos personagens que já interpretei.
Essa distância entre o Nepal e essa cidade francesa é que preciso ligar, através de um raciocínio lógico que me permita manter sob controle o resultado concreto do meu trabalho. Pronto, mais duas horas de insônia! Tenho que caminhar por esta estrada com segurança, pois se como ator isso já era uma exigência minha, como produtor é uma obrigação. E por isso peço licença a vocês, VOU TENTAR DORMIR. Boa noite!”.
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