O brasileiro Francisco Fernando Cruz, 22, preso na última quinta-feira no aeroporto de Miami sob a acusação de ter ameaçado derrubar um voo da TAM com destino ao Brasil, disse que estava "jogando" com a polícia para ver se obtinha resposta.
A informação está na denúncia apresentada contra Cruz com base no depoimento do agente do FBI (polícia federal americana) Affel Grier Jr., que interrogou o brasileiro no aeroporto. Se condenado, o jovem pode pegar até cinco anos de prisão.
Brasileiro é preso nos EUA sob suspeita de enviar e-mail com falsa ameaça de bomba
"Depois de abrir mão de seus direitos de Miranda [que dão ao suspeito o direito de permanecer calado e não gerar provas contra si], Cruz confessou ter enviado os dois e-mails com ameaças. Ele disse que estava jogando, para ver se alguém respondia aos seus e-mails", afirma o documento obtido pela Folha.
O brasileiro, natural de Sorocaba (SP), teria enviado dois e-mails em que dizia que o voo da TAM 8043, saindo de Miami rumo a Brasília, na última sexta-feira, iria "cair". Ele foi preso ao chegar ao aeroporto de Miami, vindo de Nova York, e antes de embarcar no mesmo avião da TAM que teria ameaçado.
Nesta terça-feira, em audiência preliminar, o juiz aceitou o pedido do governo americano para que o brasileiro siga preso até o julgamento. A próxima audiência será no dia 24.
Cruz está sendo acusado de ameaçar um voo comercial internacional. Como este é um crime federal, ele está numa prisão federal em Miami. A defesa do brasileiro será feita por um defensor público.
O Consulado-Geral do Brasil em Miami disse estar acompanhando o caso de Cruz.
IDENTIDICADO
O primeiro e-mail, sgeundo a denúncia, foi enviado de um computador da Universidade Estadual de Montclair, em Nova Jersey, na quarta-feira, 8, para o Departamento de Polícia de Miami. A segunda mensagem foi enviada do mesmo endereço de e-mail menos de 24 horas depois, mas a partir de um computador residencial na mesma cidade.
Segundo a denúncia, Cruz foi identificado tanto por um vídeo gravado pelas câmeras de segurança da universidade quanto por uma testemunha interrogada pelo FBI na casa de onde partiu o segundo e-mail. "O voo não deve decolar. É um alvo. Vai cair. Represália. A carga é perigosa. Aviso dado", dizia o texto enviado por Cruz.
Segundo a TAM, "após intensa investigação junto às autoridades competentes, foi confirmada que a ameaça era falsa" e que "nenhum risco foi detectado à segurança" do avião.
O voo decolou de Miami na sexta-feira, no horário previsto, e não foram registrados incidentes até o pouso em Brasília.
"O FBI e seus parceiros levam ameaças dessa natureza muito a sério", disse o agente Michael B. Steinbach, responsável pelo escritório do FBI em Miami, assim que o brasileiro foi preso.
"Nós não vamos deixar de revirar uma só pedra diante de uma ameaça a passageiros e para garantir que a justiça seja cumprida", afirmou o promotor Wifredo Ferrer.