O corpo do estudante Roberto Laudisio Curti, 21, será enterrado neste domingo no cemitério do Araçá, na zona oeste de São Paulo. O enterro ocorrerá entre as 11h e as 11h30, segundo informações de familiares e do cemitério.
Roberto Curti, 21, morto após abordagem da polícia australiana.
O corpo do estudante chegou hoje da Austrália. Beto, como era conhecido pelos amigos, foi morto na madrugada de 18 de março em Sydney, após a polícia local o atingir com disparos de Taser (pistola de choque) e com spray de pimenta.
O estudante era suspeito de furtar um pacote de bolachas de uma loja de conveniência. As autoridades australianas não dão informações sobre o caso.
A polícia australiana fez a reconstituição da morte do brasileiro na madrugada de quinta-feira (12). Vinte agentes, entre delegados e policiais, refizeram os últimos momentos da perseguição e uso da arma que atingiu o brasileiro. A rua Pitt, local da morte, foi parcialmente fechada para os trabalhos.
Durante a reconstituição, uma testemunha explicou para os investigadores como foi a ação. Nem a polícia, a testemunha ou Consulado Brasileiro em Sydney deram declarações a respeito da reconstituição. A investigação segue em sigilo.
Existe a suspeita de que Curti estivesse sob efeito de drogas quando entrou na loja e tenha corrido da polícia.
INVESTIGAÇÃO
Curti foi morto na região central de Sydney após receber choques de policiais. As circunstâncias da morte ainda não estão claras, e a comunidade brasileira em Sydney cobra respostas da polícia.
Ele ligou para sua irmã mais velha pouco antes de ser morto, na madrugada de domingo (18). A conversa foi rápida e ele disse que estava sendo ameaçado, sem revelar detalhes. Sem conseguir contato novamente, a irmã ficou sabendo de sua morte horas depois.
Ele morava com a irmã, que é casada com um australiano. Seus pais morreram quando eles eram mais novos. O jornal "Sydney Morning Herald" afirma que a autópsia no corpo do brasileiro já foi concluída, mas o resultado ainda não foi divulgado. Ele deve revelar a causa da morte e se o brasileiro havia consumido alguma substância que possa ter contribuído em sua morte.
Segundo amigos, o brasileiro foi visto pela última vez na noite de sábado na rua King. A polícia australiana diz que houve um assalto a uma loja de conveniência na mesma rua por volta das 5h30 --um pacote de biscoitos foi levado. Policiais foram chamados e chegaram ao local em poucos minutos, mas o ladrão já havia fugido.
uma guarnição de seis agentes fez buscas pela região e localizou um suspeito na rua Pitt, distante cerca de três quarteirões da loja. O suspeito fugiu da abordagem, ainda conforme a polícia. Os policiais o perseguiram e, durante um confronto, dispararam uma arma de choque elétrico e usaram spray de pimenta.
Segundo o relato de uma testemunha da ação ao "Sydney Morning Herald", mesmo depois de caído ele tentou se livrar e foi atingido pelo menos mais três vezes com a arma de choque, do modelo Taser. Ele não tinha nada nas mãos quando a polícia o avistou, disse.
A ação da polícia foi filmada por uma câmera de segurança de um café da rua e exibida na TV australiana.
A testemunha revelou que o rapaz gritou por socorro quando recebeu os choques, até desmaiar. Segundo a polícia, ele teve uma parada cardiorrespiratória. Policiais e paramédicos chamados ao local tentaram reanimá-lo, sem sucesso.
A loja de conveniência onde ocorreu o suposto assalto também tinha câmera e já enviou as imagens para polícia, segundo o jornal australiano. O vídeo ainda não foi divulgado.
A família já contatou advogados para acompanhar a investigação e, se de fato houver erro, processar o governo australiano.