A ativista brasileira Ana Paula Maciel deixou a prisão em São Petersburgo nesta quarta-feira (20), após pagamento de fiança. O próprio Greenpeace, organização da qual faz parte, divulgou a informação no Twitter.
Ainda segundo a ONG, a brasileira estava no centro de detenção Sizo 5. "Estamos muito satisfeitos por ela e sua família", informou a organização.
A presidente Dilma Rousseff divulgou a libertação de Ana Paula por meio de seu perfil no Twitter e afirmou que o Ministério das Relações Exteriores continuará acompanhando o caso da brasileira.
O Greenpeace Brasil ainda não tem informação sobre se Ana Paula poderá sair da Rússia enquanto estiver em liberdade condicional. A brasileira deve ser levada a um hotel em São Petersburgo, onde receberá atendimento médico e psicológico. Somente depois disso, ela decidirá se vai querer falar com a imprensa ou não.
Segundo a ONG, é possível que outros ativistas também sejam soltos hoje. O dinheiro para pagamento das fianças está sendo transferido aos poucos pela organização para a Rússia, já que os valores são altos.
Em nota divulgada, a organização diz que não foram informados pela Justiça russa os detalhes sobre as condições e restrições impostas aos que ganharam liberdade provisória. Essas informações devem ser esclarecidas nos próximos dias.
Liberdade provisória
Nesta terça-feira (19), a Justiça russa havia anunciado em audiência que Ana Paula ganharia a liberdade provisória após pagamento de fiança de 2 milhões de rublos cada (cerca de R$ 143 mil).
De acordo com o Greenpeace, até o momento 18 pessoas do grupo – contando com Ana Paula, tiveram a liberdade provisória consentida, sob fiança. Onze pessoas ainda aguardam suas audiências. E um deles, o australiano Colin Russell, teve a prisão estendida por três meses.
Grupo foi detido após protesto no Ártico
Em 18 de setembro, o grupo de 30 pessoas, 28 ambientalistas e dois jornalistas, realizava protesto em uma plataforma de petróleo da companhia Gazprom, no Mar do Norte, na região do Ártico. O objetivo era chamar a atenção para a exploração de petróleo na região e o impacto ambiental que esta atividade pode causar na biodiversidade local.
A guarda costeira russa interrompeu a manifestação na plataforma e deteve o navio, além de seus tripulantes. A embarcação e o grupo foram conduzidos a um tribunal de Murmansk. Lá, os integrantes da ONG foram colocados em celas provisórias.
A Rússia disse que os ambientalistas transgrediram a lei durante o protesto no qual tentaram escalar a plataforma Prirazlomnaya, a primeira unidade de perfuração da Rússia no Ártico e parte dos esforços do país para explorar as reservas de gás e petróleo da região. Por isso, todo o grupo foi indiciado pelo governo russo por crime de pirataria.
Dias depois, foi divulgado que a acusação de pirataria seria retirada, e que os "30 do Ártico" passariam a responder por vandalismo, com punição mais branda. No entanto, o Greenpeace diz que a denúncia de pirataria ainda não foi retirada pelas autoridades.
No início de novembro, o grupo foi transferido de trem para centros prisionais de São Petersburgo. Os ativistas procedem de 19 países: Brasil, Rússia, EUA, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, República Tcheca, Polônia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e França.