Laura Queiroz, 9, que mora São João da Boa Vista, no Interior de São Paulo, é fã confessa da rainha Elizabeth, da Inglaterra.
Imagem: Nilton J. QueirozLaura Queiroz, 9, que mora São João da Boa Vista, no Interior de São Paulo, é fã confessa da rainha Elizabeth, da Inglaterra.
Um tanto quanto esquecido em razão das novas tecnologias, o hábito de escrever cartas fez com que uma menina de nove anos, fã confessa da rainha Elizabeth, da Inglaterra, realizasse um de seus sonhos. Laura Queiroz, que mora em São João da Boa Vista, no Interior de São Paulo, resolveu expressar sua admiração à matriarca e, além disso, aproveitou para dar dicas de moda, outra de suas paixões, à inglesa. Inesperadamente, recebeu de volta elogios e agradecimentos da mais alta figura da monarquia britânica.
A pequena, que quer ser "estilista em Paris" quando crescer, sempre gostou de histórias de princesas e da realeza. Há alguns meses, perguntou à mãe, Bernadete Queiroz, 45, se rainhas existiam de verdade. A mãe explicou a ela tudo sobre as monarquias, citando exemplos de países como a Inglaterra e Suécia, que o adotam. "Tive o cuidado de mostrar que os reis e rainhas não são como nos contos de fada, mas sim pessoas como nós", contou.
Alguns meses depois, a menina viu uma reportagem na televisão onde a matriarca era tema principal. Gostou do semblante da rainha e das roupas que ela usava. "A rainha é muito sóbria, tem classe, e está sempre elegante. Gostei dela desde que a vi a primeira vez", conta.
Devidamente conquistada por Elizabeth, resolveu escrever uma carta para expressar seu carinho e também para dar algumas ideias à majestade sobre roupas. Ela avisou a mãe, que incentivou, embora confesse que achou que a brincadeira não ia passar da intenção. "Falei pra ela que a ideia era legal, mas não esperava que ela fosse escrever. Não só escreveu como me cobrou, por 15 dias, para que a carta fosse enviada", disse.
Na carta, Laura, após se identificar como brasileira, expressou sua admiração pela rainha e também enviou três desenhos, de sua autoria, com looks para diversas ocasiões. "Eu não imaginava que existia uma rainha de verdade e, como gosto muito de moda, enviei desenhos de roupas que poderiam agradá-la para sair, tomar o chá das cinco e passear pelo palácio", disse.
Bernadete contou que enviou a carta, em português, para Aparecida Paiva, tia dela e tia-avó da menina, que fez a tradução para o inglês. Ela conseguiu o endereço do Palácio de Buckingham, residência da rainha, pela Internet. "Fiquei uns 15 dias com a carta em cima da minha mesa, por conta da correria do dia a dia, e a Laura cobrando. Até que enviei, há pouco mais de três meses", disse, esclarecendo que colocou, em um envelope de carta simples, o modelo original, em português e em letra manuscrita, os desenhos e a tradução, impressa, feita para o inglês. "Não escrevi, nem modifiquei nada. Partiu tudo dela. Só arranjei o endereço, a tradução e coloquei no Correio".
Após mandar a carta, a mãe conta que conversou com a filha para evitar a frustração de uma possível não resposta. "Falei pra ela que a carta poderia não chegar, ou mesmo que poderia chegar e não ser respondida. Mas ela sempre perguntava se a resposta tinha chegado", conta.
Na semana passada, veio a surpresa: uma carta com o selo real, enviada do Palácio de Buckingham, desembarcou em São João da Boa Vista. "Na hora, não acreditamos. Pedi para o irmão dela, Pedro, de 12 anos, entregar. Quando ela viu o selo, ficou radiante", conta Bernadete.
Laura, por sua vez, conta que ficou ainda mais fã da rainha inglesa. "Eu gosto muito dela desde que vi um programa onde ela aparecia. Acho que ela gostou das minhas roupas", disse.
Resposta
A resposta, em papel timbrado da monarquia britânica, não foi escrita pela rainha, mas sim por um assessor. A família não sabe, no entanto, se a assinatura do documento é da rainha.
"A carta é pessoal, não é um documento padrão, e responde coisas que Laura escreveu. "A rainha pediu-me que escrevesse para agradecer por sua carta e pelos lindos desenhos de moda que você anexou", diz o documento.
Segundo a mãe da menina, a filha sempre teve o hábito, desde quando tinha cinco anos, de se comunicar por carta. "Ela escrevia sempre para uma prima dela, que mora em São Roque. Mandava desenhos, escrevia coisas de criança, e também escreve para amiguinhos. Procurei incentivar a correspondência por carta", conta a mãe, que é jornalista. "Para o uso da tecnologia, já temos incentivo suficiente", acrescenta.
Laura, por sua vez, disse que a parte que mais gosta da comunicação por carta é o ato de receber as missivas. "É muito legal esperar o carteiro, ver se chegou a carta que você espera, e depois abrir. Eu vejo as cartas, leio, penso na pessoa que escreveu. Ai fico lembrando dela. É muito bom", conta ela, que não descarta uma visita à rainha. "Eu quero ser estilista em Paris, e é lá pertinho. Quem sabe tomamos um chá das cinco. Eu ia gostar muito", sonha. E quem pode duvidar?
Imagem: ReproduçãoA menina mandou desenhos de vestidos para que a rainha pudesse usar.
Carta de Laura
"Rainha da Inglaterra, com todo o respeito eu me apresento. Meu nome é Laura Queiroz, eu amo a realeza e moda. Então eu pensei: porque não escrever uma carta para a rainha. Eu tenho 8 anos, sou brasileira e eu vi Vossa Majestade na TV e adorei a senhora. Eu adoraria encontrar Vossa Majestade e visitar o palácio. Bem, eu tenho algumas dicas de moda para Vossa Majestade, basta abrir a folha. – Laura Queiroz.
Resposta em livre tradução
"Querida Laura, A rainha pediu-me que lhe escrevesse para agradecer por sua carta e pelos lindos desenhos de moda que você anexou. Sua majestade está feliz com as notícias enviadas por você e apesar de não poder responder pessoalmente sente-se agradecida e feliz com sua delicada mensagem. Seguem anexos alguns panfletos informativos. Espero que aprecie e novamente agradeço por ter escrito".