Após a divulgação do Relatório de Desenvolvimento Humano pela Organização das Nações Unidas (ONU), ministros do governo afirmaram nesta quinta-feira (24) que, se os dados utilizados no levantamento fossem atualizados, a colocação do Brasil no ranking seria melhor.
Os ministros Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Henrique Paim (Educação) e Arthur Chioro (Saúde) convocaram uma entrevista coletiva nesta quinta para comentar os resultados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Segundo os dados divulgados pela ONU, o Brasil avançou uma posição no ranking mundial em comparação com o ano anterior, passando do 80º lugar, em 2012 (IDH de 0,742), para o 79º (IDH 0,744) no ranking do desenvolvimento humano de 2013. O índice do Brasil coloca o país na faixa das nações com “elevado desenvolvimento humano”. O índice varia em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais elevado é o IDH.
Titular do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello ponderou em entrevista coletiva nesta quinta-feira que se os dados levados em conta fossem compostos pelos números mais atualizados do governo federal, o Brasil estaria em 67º lugar. De acordo com o Executivo federal, a expectativa de vida ao nascer subiria de 73,9 para 74,8; e a escolaridade de 15,2 para 16,3.
“É importante reconhecer que o relatório faz tantos elogios ao Brasil que a gente vem melhorando, mas nós gostaríamos de fazer um exercício estatístico importante: se usássemos dados atualizados e se usássemos uma outra metodologia reconhecida mundialmente com as mesmas fontes o que a gente teria […] O que eu acho mais importante é discutir o nosso IDH, passaria de 0,744 para 0,764”, ressaltou Tereza Campello.
“A gente recebe o relatório de forma bastante confortável do ponto de vista dos dados e bastante animados do ponto de vista qualitativo porque o que o Brasil vem fazendo é reconhecido”, complementou.
Na área da educação, enquanto a média de estudo na América Latina é de 7,9 anos, no Brasil a média é de 7,2 anos. O número é o mesmo desde 2010. Na avaliação do ministro Henrique Paim, o país avançou “bastante” nas últimas décadas, quando se compara os dados da década de 1980 com os números atuais.
“Nós estamos satisfeitos com esses dados do relatório, mas é claro que o Brasil precisa trabalhar cada vez mais para melhorar todos os indicadores que estão sendo apresentados”, disse.
Dados do IBGE
Os três ministros destacados pelo governo federal para comentar os resultados do IDH de 2013 ressalvaram que a projeção de que o Brasil estaria em 67º lugar foi tomada com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Na avaliação da ministra do Desenvolvimento Social, o resultado do IDH divulgado pela ONU “não reflete o que aconteceu nos últimos quatro anos” no Brasil. “As fontes de informação são as mesmas, mas o que defendemos é que olhem os dados mais atualizados, de 2013, que nós temos e estão atualizadíssimos”, afirmou Tereza Campello.
Expectativa de vida
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, defendeu os índices de expectativa de vida da população brasileira apresentados no relatório do Pnud. Na avaliação do ministro, o goveno deve priorizar a atenção básica e o controle de doenças crônicas não transmissíveis.
“Nós temos que entender o cenário complexo que a gente vive. Por exemplo, temos dificuldade com a obesidade e o sedentarismo que complicam o quadro de doenças crônicas não transmissíveis. Temos que trabalhar cada vez mais e aplicar aos processos medidas que possam nos ajudar a diagnosticar e fazer o tratamento precoce das enfermidades”, argumentou.
Chioro explicou durante a entrevista que a expectativa de vida no Brasil subiu 19% entre 1980 e 2013, aumentando em 12,1 anos a média nacional.
Oposição
Parlamentares da oposição também comentaram nesta quinta os resultados do Brasil no levantamento da ONU. O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse que a preocupação do governo em alterar a posição do Brasil no ranking do IDH é um “detalhe” que não altera a realidade do país.
“A realidade brasileira é conhecida. Nós não evoluímos mais porque há uma inversão de prioridades da ação governamental. Os recursos públicos são desperdiçados em função de um monumental esquema que tem por objetivo o projeto de poder. Por isso, faltam recursos em setores fundamentais como a saúde e a educação”, observou o senador.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), o Brasil não consegue “desatar o nó” do disparate entre a posição econômica do país e o índice de desenvolvimento da população.
“Enquanto país em desenvolvimento, caminhamos a passos de tartaruga porque não há uma política prioritária para enfrentar os problemas graves que temos”. Saltar algumas posições no ranking, segundo o deputado, é “irrelevante”. “O resultado não muda. Nós somos a sétima economia do mundo. Então, teríamos é que estar entre os dez primeiros no IDH”, declarou.