Brasil pode ter recess�o em 2014, acreditam analistas

Publicada em 09 de Junho de 2014 �s 11h50

A evolu��o de 0,2% do PIB no in�cio do ano, com queda de 0,8% da ind�stria, retra��o do consumo das fam�lias de 0,1%, al�m do desempenho dos investimentos (-2,1%), aliada a outros dados do mercado, gera expectativas pessimistas entre analistas. Eles refor�am que as chances do PIB ficar negativo nos pr�ximos trimestres s�o grandes, o que poderia levar a uma recess�o t�cnica (queda em dois trimestres consecutivos). Soma-se a isso o fato do desempenho ter ca�do 0,3% no terceiro trimestre de 2013, subido 0,4% no �ltimo e agora ter crescido apenas 0,2%. Pesquisa PMI da Markit/HSBC para maio confirmou que as coisas podem piorar, levando em conta outras m�nimas de maio. O resultado do PIB do segundo trimestre ser� divulgado no dia 29 de agosto, a 36 dias do primeiro turno das elei��es presidenciais. Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, acredita que se alguma recupera��o n�o vier a partir de julho, podemos ter uma recess�o t�cnica na v�spera da elei��o. Em conversa com o JB por telefone, ele refor�ou que � muito dif�cil que o Brasil escape de uma recess�o em 2014. Para ele, est� mais ou menos claro que o PIB no segundo trimestre ser� negativo, o que pode causar uma reavalia��o do resultado do primeiro trimestre, al�m da grande possibilidade de queda no terceiro. "� muito dif�cil escapar da recess�o. Todos os indicadores de confian�a t�m a m�nima desde 2008 e 2009, al�m de dados com queda relevante, na produ��o industrial, produ��o de ve�culos. Indicadores tamb�m mostraram queda em abril e maio, e junho deve ser um m�s recessivo com a Copa do Mundo. Considerando tudo isso, n�o vamos escapar de uma recess�o", acredita Gala. Gala destaca que esse cen�rio j� estava no radar da corretora h� um m�s. O ciclo de crescimento que estava chegando ao fim, "chegou ao fim de vez", marcando o final de mais ou menos uma d�cada de crescimento, com expans�o do consumo, no cr�dito e no investimento. "A economia � um pouco assim mesmo, � c�clica, tem come�o, meio e fim e a gente chegou ao final, que coincidiu com a �poca da elei��o, com v�rios problemas na �rea fiscal, defasagem de pre�os, como na gasolina e energia el�trica, contas externas, e "por a� vai"", pondera Gala. O ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendon�a de Barros, em entrevista ao Valor Econ�mico no in�cio do m�s, ressaltou que todos os elementos de crescimento que prevaleceram nos �ltimos 15 anos n�o existem mais. Para ele n�o h� crise, mas, sim, falta de investimento. Disse, no entanto, que a situa��o da economia brasileira � "muito superior � do passado". O ex-diretor do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, da Mau� Sekular Investimentos, por sua vez, declarou � coluna de Claudia Safatle no Valor que j� estamos em recess�o, j� que uma contra��o no PIB igual ou superior a 0,2% do segundo trimestre deve provocar um ajuste pelo IBGE nos dados do primeiro, que passaria para um PIB negativo - o que caracterizaria uma recess�o t�cnica. Marcel Grillo Balassiano, da �rea de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, refor�a que, para o segundo trimestre deste ano, as previs�es n�o s�o nada animadoras, devido ao cen�rio mais pessimista no setor de servi�os, em fun��o do com�rcio e de servi�os da informa��o. A ind�stria tamb�m deve recuar mais, motivada pela ind�stria de transforma��o e da constru��o civil. O �ndice de confian�a da ind�stria da FGV recuou 5,1% em maio, em rela��o ao m�s anterior. "Os �ndices da situa��o atual e das expectativas tamb�m ca�ram bastante (5,1% e 5,0%, respectivamente). Um dos motivos da queda da constru��o civil � a desacelera��o do cr�dito imobili�rio. A Copa do Mundo tamb�m deve afetar negativamente a produ��o, em fun��o da diminui��o da jornada de trabalho por causa dos jogos", explicou Balassiano ao JB. Pelo lado da demanda, continua o especialista, o consumo das fam�lias tamb�m apresenta sinais de desacelera��o, que pode n�o ser inferior � registrada no primeiro trimestre, mas que deve apresentar um baixo crescimento devido ao fim do incentivo ao consumo e menor oferta de cr�dito. Deve ser, contudo, a principal contribui��o para o crescimento do PIB, aponta Balassiano. Os investimentos, por sua vez, ainda de acordo com Balassiano, devem fechar o ano no negativo, em fun��o, entre outros fatores, da queda de confian�a dos empres�rios. O �ndice de confian�a empresarial, calculado pela FGV, caiu 4,9% em maio, o maior recuo desde o final de 2008. Os �ndices da situa��o atual e das expectativas tamb�m ca�ram 3,9% e 4,9%, respectivamente, e o �ndice de confian�a do consumidor vem recuando - em maio, caiu 3,3%. O menor crescimento dos empr�stimos do BNDES, explica, tamb�m tem influ�ncia no cen�rio de investimentos. "Com isso, as proje��es, que j� eram baixas, est�o sendo revisadas para baixo. O �ltimo boletim Focus projetou crescimento de 1,5% para 2014 e 1,9% para 2015." Balassiano destaca o desempenho do pa�s em 2013, quando cresceu 2,3%, abaixo dos 3% do mundo, dos 4,7% dos pa�ses emergentes e 2,7% da Am�rica Latina. Um dos principais entraves ao crescimento, acredita, � o investimento baixo. A m�dia da taxa de investimento brasileira entre 2004 e 2013 foi de 18,3% do PIB, tamb�m abaixo da taxa mundial (23,8%), da Am�rica Latina (21,1%) e dos pa�ses emergentes (29,9%), alerta. Pa�ses vizinhos latino-americanos tamb�m apresentaram taxas maiores do que o Brasil no per�odo, como Peru (23,1%), M�xico (22,9%), Chile e Col�mbia (ambos com 22,5%). "Ent�o, a chamada "nova matriz econ�mica" do governo Dilma resultou num crescimento baixo, infla��o alta, d�ficit em transa��es correntes e numa pol�tica fiscal associada a "contabilidade criativa". No ano que vem, independentemente de quem ganhar as elei��es presidenciais, ter� que fazer um forte ajuste para o pa�s ter condi��es de aumentar a taxas de investimentos, e consequentemente melhorar o crescimento; fazer com que a infla��o volte para a meta; melhora da pol�tica fiscal, entre outros", diz Balassiano. Os problemas econ�micos do Brasil, explica, s�o conjunturais e estruturais. O Custo Brasil, que � um conjunto de dificuldades estruturais, burocr�ticas e econ�micas que encarecem o investimento no Brasil, como explica Balassiano, compromete a competitividade e a efici�ncia da ind�stria. Problemas como alta carga tribut�ria, dificuldade para se abrir um neg�cio, altos custos trabalhistas, burocracia para importa��o e exporta��o tamb�m dificultam o investimento. "O impacto de uma recess�o, que eu acho pouco prov�vel para esse ano, seria muito ruim, mas mesmo que n�o haja recess�o, esse crescimento med�ocre que o Brasil vem passando nos �ltimos anos � uma quest�o fundamental para ser atacada pelo pr�ximo governo, inclusive porque esse crescimento baixo est� acompanhado de uma infla��o alta", indica Balassiano. Felipe Salto, economista da Tend�ncias Consultoria, explica que se crescemos t�o pouco e chegamos ao ponto de discutir uma recess�o em 2014, � porque o governo tomou medidas erradas ao longo do tempo, negligenciando a necessidade de aumentar a poupan�a dom�stica, quando a fonte externa secou, com balan�a de pagamentos negativa, baixa poupan�a, baixa produtividade e investimentos em infraestrutura. A consultoria, no entanto, ainda mant�m proje��o de crescimento 1,3% neste ano, e de 0,2% no segundo trimestre de 2014, levando em conta que o governo ainda tem alguns instrumentos a m�o. "A renda do Brasil � um quarto da renda dos desenvolvidos. Por isso crescer pouco � um problema t�o s�rio."

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:

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