O retorno da seleção brasileira masculina aos Jogos Olímpicos foi mágico. Fora de Londres 2012 depois de não ter se classificado, a equipe comandada pelo espanhol Jordi Ribera fez as honras de donos da casa no confronto deste domingo, contra a Polônia, na Arena do Futuro, no Rio. Gritando o tempo todo, a torcida empurrou os brasileiros para aquilo que seria um fim de tarde memorável para o handebol do país anfitrião. Os meninos do Brasil não pareceram se importar com o fato de que, do outro lado da quadra, o adversário era o time terceiro colocado no Mundial de 2015. Com uma bela dedicação defensiva, finalizações e contra-ataques certeiros, a seleção domou os poloneses e conquistou uma vitória marcante: 34 a 32. É para comemorar demais, porque esse foi o primeiro triunfo do país em cima de um adversário europeu na história das Olimpíadas.
Coincidentemente, o Brasil já havia derrotado a Polônia recentemente. Meses depois do último Mundial, o time levou a melhor por 25 a 24 sobre os europeus em torneio amistoso disputado na casa dos poloneses. Apesar de não esconder a felicidade com o que a seleção mostrou neste domingo, Jordi Ribera manteve os pés no chão após a vitória.
- Para nós é importante ganhar, não pelo fato de ser contra um europeu, mas por ser um passo para seguir num objetivo. Isso é importante, mas acho que mais importante é a classificação. Com dois pontos não conseguimos nada, só demos um passo para acreditar - declarou o treinador em coletiva de imprensa.
Os únicos triunfos da seleção em Olimpíadas até então haviam sido contra adversários de fora da Europa. O time bateu o Egito em Atenas 2004 e a China em Pequim 2008. Nunca na história dos Jogos o país passou da fase de grupos no handebol masculino. Essa é a barreira que o Brasil quer quebrar no Rio, como enfatiza o armador Zé, que também aproveitou para elogiar a torcida que encheu a Arena do Futuro:
A gente quer fazer história aqui. Este é um passo pequeno para o que a gente quer fazer. Quanto à torcida, é só agradecer. Eles foram mais um em quadra, apoiaram todo mundo. Mas vamos para a próxima que o caminho é longo e duro. Estou emocionado nem com a vitória, mas com o conjunto da torcida gritando, o estádio todo lotado, o hino nacional... é isso que faz a gente querer jogar mais o handebol aqui dentro do Brasil. Dá para ir longe, dá para ir longe - afirmou o artilheiro do país na partida, com sete gols.
A vitória do Brasil sobre o time polaco no Rio foi o segundo jogo do Grupo B neste domingo. Mais cedo, a Alemanha - atual campeã europeia -, bateu por 25 a 19 a Suécia, vice em Londres 2012. A outra partida da chave pela primeira rodada é o duelo entre Eslovênia e Egito, às 21h5 (de Brasília).
O próximo compromisso da seleção brasileira é nesta terça-feira, novamente às 16h40 (de Brasília), contra a Eslovênia, quarta colocada no Mundial de 2013.
O JOGO
A expectativa dos jogadores brasileiros era que a Arena do Futuro se transformasse num caldeirão, tal qual na vitória da seleção feminina sobre a Noruega. Foi o que aconteceu. Empurrada pela torcida, a seleção masculina abriu 4 a 0 com Alemão, João, Zé e Thiagus. A forte defesa 5-1 do Brasil e o goleiro Bombom seguravam muito bem as pontas atrás, tanto que só aos seis minutos foi que a Polônia marcou seu primeiro gol, nos sete metros cobrados por Karol Bielecki. As coisas estavam dando tão certo para os brasileiros que até Bombom, aproveitando a baliza adversária vazia, marcou o primeiro gol dele com a camisa da seleção, aos 27 anos de idade. A vantagem chegou a ser de cinco gols (8 a 3), mas da metade para o fim da etapa ficou em dois. Os brasileiros desperdiçavam muito a posse de bola ao mesmo tempo que o goleiro Slawomir Szmal começava a fazer grandes defesas. Nos minutos finais, a seleção se recuperou e foi para o intervalo vencendo por 16 a 13.
Os brasileiros pareciam estar com fome de vitória, tanto que voltaram para quadra faltando cinco minutos. No segundo tempo, Bombom deu lugar a Maik, que fez jus ao trabalho do companheiro. Enquanto os jogadores de linha. Ele somou duas defesas consecutivas para inflamar a Arena do Futuro na metade da etapa. Lá na frente, praticamente todo mundo, do jovem Zé ao capitão Thiagus, já deixava o seu. Foi depois de dois gols de João e um de Lucas Cândido muito na base do contra-ataque que a vantagem brasileira subiu para para sete gols (26 a 19). Bombom voltou para os últimos minutos e, com uma visão privilegiada, viu a equipe continuar a marcar e a marcar mais gols.
No finzinho, os poloneses ameaçaram uma reação aproveitando bobeiras do time canarinho. O técnico Jordi Ribera parou bem o jogo quando o placar apontava 33 a 30, quebrando a sequência de gols dos europeus. Daí para a frente, a seleção se concentrou novamente e conseguiu a tão sonhada vitória, em 34 a 32.
A RODADA DESTE DOMINGO
9h30 - Croácia 23 x 30 Catar
11h30 - Suécia 29 x 32 Alemanha
14h40 - Dinamarca 25 x 19 Argentina
16h40 - Polônia 32 x 34 Brasil
19h50 - França x Tunísia
21h50 - Eslovênia x Egito