A delegada Carolina Salomão, da 42º DP (Recreio), afirmou nesta segunda-feira (8) que o treinador do pugilista da Namíbia Jonas Junias Jonas, preso suspeito de estupro, estava no quarto e não tentou impedir o crime. Segundo a delegada, o pugilista já foi levado para um presídio em Bangu, na Zona Oeste.
"A vítima alega que o treinador dele estava no quarto, viu a abordagem e não chamou a atenção dele. Nem fez nada para coibir. O treinador teria visto [o crime], mas não deve responder como coautor. Mas o mínimo que ele deveria ter feito é ter reprimido", afirmou Carolina Salomão.
"É um desrespeito às leis e às mulheres brasileiras", declarou a delegada. O atleta de 22 anos foi preso no domingo (7) por volta de 17h.
O treinador, cujo nome não foi divulgado, ainda será ouvido pela polícia. Junias foi reconhecido por foto e depois pessoalmente pela camareira.
"Ela limpava outro cômodo, ele a agarrou por trás e deu um beijo no pescoço", disse a delegada. Segundo Carolina Salomão, a camareira contou que, depois de se soltar do suspeito, o atleta ainda fez gestos de atos sexuais e ofereceu dinheiro para a vítima.
A embaixada da Namíbia afirmou que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o assunto. O Comitê do Rio 2016 afirmou se tratar de uma investigação policial e disse que vai acompanhar o caso.
O caso envolvendo o boxeador, que foi porta-bandeira da Namíbia na cerimônia de abertura da Olimpíada, ocorreu menos de uma semana após outro boxeador, do Marrocos, ter sido preso também suspeito de estupro na Vila Olímpica.
De acordo com o Código Penal brasileiro, o crime de estupro se configura se o autor forçar a vítima a ter conjunção carnal, praticar ato libidinoso (qualquer um que vise prazer sexual) ou obrigar a vítima a permitir que se pratique ato libidinoso com ela. Portanto, qualquer ato com sentido sexual praticado sem consentimento é considerado estupro. Entenda o que diz a legislação brasileira sobre o crime.
Marroquino preso
Na última sexta-feira (5), o pugilista marroquinho Hassan Sada foi preso suspeito de estuprar duas camareiras na Vila dos Atletas. O atleta negou ter cometido o crime.
A polícia informou que Sada chamou as duas camareiras como se quisesse pedir uma informação. Quando elas entraram no quarto para ver o que ele queria, o boxeador as atacou.
Após a prisão, a delegada Carolina Salmomão, da 42ª DP, afirmou: "A gente espera que sirva de exemplo. Para nós, mulheres, é um desrespeito muito grande. Independente da cultura, a lei é o que vale. Pode andar com mais roupa, menos roupa. Há alguns boatos de que houve outros casos na Vila Olímpica".