A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu que seu depoimento à Polícia Federal (PF) na investigação que apura tramas golpistas envolvendo membros do governo e militares seja adiado.
Bolsonaro foi intimado a prestar depoimento sobre o tema na próxima quinta-feira (22), segundo informou o blog da Andréia Sadi. Outros investigados da operação, incluindo dois ex-assessores do ex-presidente, também foram intimados a prestar depoimento no mesmo dia.
Em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados de Bolsonaro afirmaram que ele "opta por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que seja garantido o acesso à integralidade das mídias dos aparelhos celulares apreendidos, sem abrir mão, por óbvio, de ser ouvido em momento posterior e oportuno."
Na petição, os defensores do ex-presidente destacam que a decisão que autorizou a operação sobre o tema há duas semanas "contém excertos de supostas conversas presentes nos celulares apreendidos ao longo de todo este procedimento investigatório, mídias as quais a Defesa não teve acesso até hoje."
Os advogados do ex-presidente afirmaram que ele tem "total interesse em cooperar plenamente com a investigação e provar sua inocência". Mas que, neste momento, buscam preservar o direito à ampla defesa.
Além do pedido de adiamento do depoimento, os advogados também reforçaram solicitação de acesso à delação premiada firmada pelo ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid.
A investigação
A operação Tempus Veritatis foi deflagrada no último dia 8 e teve como alvos, além do ex-presidente, ex-ministros e ex-assessores dele investigados por tentar dar um golpe de Estado no país e invalidar as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.
Desdobramento de inquéritos que tramitam no STF -- o principal deles sendo o das milícias digitais --, a operação trabalha com a hipótese de que os alvos se dividiam em seis núcleos que agiam de forma simultânea e coordenada com objetivo de dar um golpe de Estado e impedir a posse do presidente Lula.
Parte da investigação envolve a realização de uma reunião ministerial em 15 de julho de 2022. Nela, Bolsonaro diz a ministros que eles não poderiam esperar o resultado da eleição para agir. Os advogados do presidente afirmam, no entanto, que ex-presidente nunca pensou em golpe.