Em conversa com o blog, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que está tudo "tranquilo" e que o episódio da sexta-feira (4) está completamente superado. Na ocasião houve ruído com a equipe econômica depois que o presidente Jair Bolsonaro falou sobre reforma da Previdência, aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) e redução de imposto de renda.
Bolsonaro afirmou que Paulo Guedes anunciaria a "possibilidade" de reduzir a alíquota máxima do Imposto de Renda e aumento do IOF. No mesmo dia, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o presidente se "equivocou" e que não está previsto o aumento de imposto.
Paulo Guedes, que passou o fim de semana no Rio de Janeiro, embarcou cedo para Brasília para participar ao lado do presidente Bolsonaro da posse dos novos presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Durante o fim de semana, interlocutores próximos do presidente Jair Bolsonaro recomendaram que ele evite falar de economia para evitar a confusão gerada na última sexta-feira. A fala de Bolsonaro causou um forte ruído interno, nas palavras de um auxiliar palaciano.
"Esse episódio serviu de grande aprendizado. Na campanha, tudo de economia era com o 'Posto Ipiranga'. Esta sistemática tem que ser mantida no governo", disse ao Blog esse auxiliar próximo, numa referência ao tratamento dado pelo próprio Bolsonaro a Paulo Guedes durante a corrida presidencial.
A expectativa de auxiliares é que depois desse episódio, Bolsonaro escolha rapidamente um "porta-voz", para evitar o desgaste de ser desmentido novamente e ter que falar sobre todos os temas.
Durante o fim de semana, o ministro Paulo Guedes manteve contato telefônico com seus assessores técnicos, numa demonstração que tudo foi normalizado. Havia uma preocupação com a reação de Guedes em relação às declarações de Bolsonaro.
Mas como houve a fala do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, corrigindo a fala do presidente, a avaliação interna é que esse episódio foi superado.
Sobre reforma da Previdência, técnicos do Ministério da Economia ressaltaram ao blog que o texto só será apresentado na semana do dia 4 de fevereiro.
Antes disso, o governo vai apresentar uma medida provisória de combate à fraude. Será uma espécie de vacina para críticas de que é preciso combater a fraude antes de iniciar a reforma. Bolsonaro deve ter uma reunião ainda semana para bater o martelo da MP.
Também já está definido usar o projeto do governo Temer que já está avançado na Câmara. Haverá modificações ao texto. Mas por economia processual, a ordem é usar o texto que já tramitou nas comissões da Câmara. "A ordem é ganhar tempo", disse um assessor técnico da área econômica.
Nas palavras de um assessor econômico, não está descartada a adoção da idade mínima de 57 anos para mulheres e 62 anos para os homens, mas com uma regra de transição bem curta. "O efeito imediato nas contas públicas pode ser bem maior do que o proposto pela reforma de Temer", disse ao Blog esse assessor.