Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República, afirmou nesta terça-feira (23) em entrevista à TV Cidade Verde, do Piauí, que a política de cotas no Brasil está 'totalmente equivocada'. Para Bolsonaro política afirmativa é "coitadismo" e reforça preconceito. O candidato disse que é preciso "acabar com isso".
"Reforçam, sem a menor dúvida [o preconceito]. Por exemplo, a política de cotas no Brasil está totalmente equivocada", afirmou. "Isso tudo é maneira de dividir a sociedade. Não devemos ter classes especiais, por questão de cor de pele, por questão de opção sexual, por região, seja lá o que for. Nós somos todos iguais perante a lei. Somos um só povo", concluiu.
Segundo o candidato, não precisa ter política de governo para combater o bullying e o preconceito. “Eu lembro do Morgan Freeman, um ator negro americano, perguntaram para ele como combater o racismo, ele falou: não tocando no assunto. Quando eu era garoto, não tinha essa história de bullying. O gordinho dava pancada em todo mundo, hoje o gordinho chora. Acontecem brincadeiras entre crianças, elas estão ali se moldando, moldando o caráter", afirmou.
"Você não tem que ter uma política para isso. Isso não pode continuar existindo, tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitada da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Tudo é coitadismo no Brasil. Vamos acabar com isso", concluiu.
Política de cotas
Em agosto, no início da campanha, Bolsonaro já havia defendido mudanças na política de cotas para negros em universidades e concursos públicos. Ele é a favor da adoção de cotas sociais, para pessoas com menor poder aquisitivo.
"Eu sou contra a forma de cotas que está aí, que prejudica o próprio negro. Você bota cota para negros, a princípio quais negros têm mais facilidade de passar em concurso ou então ser admitido em vestibular? O negro filho de negro bem de vida. A minha cota é social, eu defendo a cota social. A racial, não", afirmou o presidenciável na ocasião.
Agronegócio
Questionado sobre possíveis propostas aos agricultores do estado do Piauí – sobretudo na cultura do milho e da soja – Bolsonaro citou bom relacionamento com a bancada do agronegócio na Câmara e falou sobre a demanda dos grandes produtores.
Segundo Bolsonaro, eles querem "segurança jurídica para terra". O candidato criticou demarcação de terras indígenas e invasões de fazendas. Segundo Bolsonaro, os produtores também não querem mais o "fantasma da indústria da multa".
"Eles querem uma segurança jurídica para sua terra. Você não pode acordar hoje e de repente tomar conhecimento no jornal que a sua fazenda vai ser demarcada como terra indígena. Você não pode ter sua fazenda invadida e de repente você entra com uma ação de integração de posse e de acordo com lado ideológica daquele governador ele não cumpre a reintegração de posse", afirmou.
Ele disse que, se eleito, apresentará propostas, por meio de projetos de lei, para dar "paz ao homem do campo" para que ele aumente produtividade.
O candidato disse, ainda, que, se eleito, as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) serão tipificadas como terrorismo.
"No que depender de mim, as ações do MST serão tipificadas como terrorismo. Esse pessoal não pode continuar levando terror ao campo e ficar imune em nome do movimento social", afirmou.
Agenda
Jair Bolsonaro passou esta terça-feira (23) em casa, no Rio de Janeiro, onde recebeu apoio de prefeitos de todas as regiões do país. No encontro, Bolsonaro afirmou que pretende endurecer a legislação para combater a violência.
"A gente não tem sentimento de vingança. Mas nós, vocês que têm amigos no parlamento, nós temos que lutar pela prevenção. E a prevenção é tirar esse pessoal do convívio da sociedade. Se a cadeia não é um bom local, nós sabemos que não é, é não fazer besteira aqui fora que não vai para lá. Direitos humanos é para gente como a gente, não é para esse tipo de gente", afirmou.
Bolsonaro também recebeu um grupo de parlamentares da frente parlamentar da segurança pública da Câmara dos Deputados.
Depois do encontro, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), coordenador da chamada "bancada da bala", disse que Bolsonaro prometeu empenho na aprovação do projeto que flexibiliza o estatuto do desarmamento.