BRASÍLIA – O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) afirmou ao GLOBO que a ida de Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil fortalece as tratativas para filiação do presidente Jair Bolsonaro ao partido dele, o PP.
Flávio ponderou que o convite de Bolsonaro a Ciro para assumir o ministério não foi feito com essa intenção, mas que a proximidade que passarão a ter no dia a dia facilita a migração para a legenda. Flávio lembrou, contudo, que o PP é aliado do PT em estados como a Bahia e que assuntos regionais terão que ser discutidos caso a conversa para filiação se aprofunde.
Ontem à noite, em sua live semanal, o próprio presidente chegou a admitir que pode se filiar ao PP para concorrer às eleições.
Bolsonaro já foi filiado ao partido, mas deixou a legenda em 2015 por não ver espaço para uma candidatura presidencial dentro do PP e porque a Lava-Jato havia atingido a cúpula do partido. No governo federal, entretanto, o presidente se reaproximou da legenda no ano passado, após sofrer derrotas no Congresso Nacional. A chegada de Ciro à Casa Civil coroaria essa aliança.
Em entrevista ontem, o presidente fez um afago e disse ser do Centrão.
— O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL. No passado, integrei siglas que foram extintas, como PRB, PPB. O PP, lá atrás, foi extinto. Depois, nasceu novamente da fusão do PDS com o PPB, se não me engano — afirmou.
Veja também:Mourão afirma que é 'lógico' que Brasil terá eleições mesmo sem voto impresso
Flávio Bolsonaro afirmou que, caso a negociação para a filiação ao PP se aprofunde, questões regionais terão que ser avaliadas. Flávio lembrou que em alguns estados o PP é aliado do PT, principal adversário de Bolsonaro para 2022. E citou nominalmente a Bahia, onde João Leão (PP) é vice-governador na gestão do petista Rui Costa.
Apesar da aproximação com o PP, o núcleo do presidente, contudo, não descarta a filiação ao Patriota, partido nanico no qual Bolsonaro teria o controle dos diretórios estaduais. Disputas internas na sigla, no entanto, têm inviabilizado a migração do presidente. Também há conversas com dirigentes de partidos maiores como PL e Republicanos, embora importantes nomes de ambos as legendas desaprovem a filiação de Bolsonaro.
Interlocutores do presidente também foram autorizados a conversar com o Brasil 35 (antigo PMN), mas as tratativas esbarraram em um impasse após dirigentes da legenda se recusarem a dar a Bolsonaro o controle de mais de 50% do partido.
— O PP é um grande partido que sempre nos acolheu muito bem. Mas o convite ao Ciro não tem a ver com a possível ida para o PP. Ocorreu porque Ciro é um excepcional nome que transita muito bem no Congresso. Tem a nossa confiança. O próprio Ciro já tinha falado, antes do convite para a Casa Civil, que estava aberto para conversar sobre a ida do Bolsonaro para o PP. Pela proximidade, já que passará a estar mais próximo na rotina do dia a dia, o PP tende a estar em conversas mais próximas para a filiação do presidente Bolsonaro do que os outros partidos com os quais há conversa — disse Flávio.