O governo do estado de Borno, no norte da Nigéria, confirmaram nesta quarta-feira o sequestro de cerca de 20 mulheres por um grupo de homem armados, supostamente formado por integrantes da milícia radical islâmica Boko Haram.
O fato ocorreu na quinta-feira passada em um assentamento do estado de Borno - reduto político e operacional do Boko Haram -, próximo a Chibok, onde mais de 200 garotas foram sequestradas pelo grupo terrorista no dia 14 de abril. saiba mais Polícia da Nigéria proíbe protestos contra sequestro de meninas Quatro das centenas de nigerianas sequestradas voltam para casa Ataque do Boko Haram mata 31 seguranças na Nigéria Novos ataques do Boko Haram matam ao menos 30 na Nigéria Série de explosões mata 118 pessoas em cidade no centro da Nigéria Leia mais sobre Nigéria
"As mulheres foram sequestradas na quinta-feira passada em um assentamento da etnia fulani e levadas pela mesma rota pela que as meninas sequestradas anteriormente foram levadas", explicaram fontes do governo de Borno à Agência Efe.
Além disso, o governo estadual se disse "surpreendido" com o fato dos fundamentalistas terem atacado novamente a região, já que, agora, há uma "grande presença de segurança militar".
De acordo com o jornal local "Leadership", o sequestro ocorreu no momento em que um grupo de homens armados invadiu o assentamento e obrigaram as mulheres a entrar em várias caminhonetes.
"As mulheres foram levadas no momento em que não havia nenhum homem. Os únicos três jovens que estavam lá não puderam ajudá-las", relatou um vigilante local ao jornal citado.
Os três jovens, explicou, também foram obrigados a entrar nas caminhonetes e seguem retidos pelos assaltantes.
"Fomos avisados três horas depois. Tentamos ir atrás deles, mas os veículos que temos não podem ir muito longe, e o aviso chegou tarde demais", relatou o vigilante.
Apesar de nenhum grupo ter reivindicado a ação até o momento, as autoridades, devido às características do sequestro, suspeitam da seita Boko Haram, que ainda mantém parte das 200 meninas sequestradas em meados de abril.
No final de maio, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, prometeu uma "guerra total" contra o grupo terrorista, que, além de ter sequestrado as jovens, perpetra ataques quase diariamente no norte do país africano.
Apesar de Borno ser um dos três Estados em que o governo decretou estado de emergência, esta medida não conseguiu frear os ataques da milícia radical.
O grupo terrorista assassinou 12 mil pessoas e feriu outras 8 mil nos últimos cinco anos, segundo o presidente nigeriano.
Boko Haram, que significa "a educação não islâmica é pecado" em línguas locais, luta para impor um Estado islâmico na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul.
Desde 2009, quando a polícia nigeriana matou o então líder do Boko Haram, Mohammed Yousef, os radicais mantêm uma sangrenta campanha de violência, a qual se intensificou nos últimos meses.
Com uns 170 milhões de habitantes integrados em mais de 200 grupos tribais, a Nigéria, o país mais povoado da África, sofre múltiplas tensões por suas profundas diferenças políticas, religiosas e territoriais.