O ex-ativista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti, libertado na terça-feira (07/06) pelo STF (Supremo Tribunal Federal) após mais de quatro anos de prisão preventiva, deve passar a morar em São Paulo, segundo informou seu advogado Luiz Eduardo Greenhalgh.
Em entrevista à agência de notpicias Ansa, Greenhalgh afirmou que Battisi provavelmente escolherá a capital paulista para morar porque, entre um dos motivos, é onde está a sede da editora que edita seus livros no Brasil, a Martins Fontes.
Segundo o advogado, o italiano está escrevendo a parte final de seu novo livro e deve tratar em São Paulo sobre sua publicação.
Independente da cidade brasileira em que for morar, Battisti deverá obedecer ao estatuto do refugiado, ter residência conhecida e informá-la às autoridades, e está proibido de se envolver em assuntos internos ou externos.
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Greenhalgh, que acolheu o italiano em sua casa, na capital paulista, disse que Battisti não estava eufórico, nem triste, e que conversou por telefone com familiares, entre os quais estariam seus dois filhos que atualmente vivem na França.
O advogado comentou ainda que as autoridades italianas teriam "exagerado" em torno do caso e tratado o Brasil de forma diferente com relação à França. Ele lembrou que o Estado francês também recusou à Itália a extradição de uma ex-militante de extrema esquerda, a Marina Petrella, das Brigadas Vermelhas, condenada à prisão perpétua em seu país de origem.
Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália em um julgamento em que a sentença foi dada à sua revelia pelo assassinato de quatro pessoas entre 1978 e 1979. Na época, ele pertencia ao grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), ligado às Brigadas Vermelhas.
Ele se refugiou e morou na França na década de 1990, onde se dedicou a escrever romances policiais. No período em que morou no país, a Justiça francesa o manteve em liberdade por mais de 10 anos, apesar dos pedidos da Itália por extradição. Ele foi finalmente detido na França em 2004, mas conseguiu fugir e se mudou para o Brasil.
Battisti foi preso em 2007, quando recebeu status de refugiado político, o que impediu sua extradição. Após quatro anos de impasse sobre sua situação, o STF decidiu, na última quarta-feira, libertá-lo do presídio de Papuda, em Brasília, reconhecendo a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de mantê-lo no país.