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Avanço dos jihadistas provoca êxodo em massa de cristãos no Iraque

Publicada em 08 de Agosto de 2014 �s 07h59


 Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) invadiram nesta quinta-feira (7) Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, o que provocou a fuga de milhares de pessoas. Enquanto isso, após reunião, o Conselho de Segurança da ONU pediu à comunidade internacional que apoie o governo iraquiano na luta contra os rebeldes. De acordo com o patriarca caldeu Louis Sako, 100 mil cristãos foram obrigados a abandonar suas casas "com nada além de suas roupas", após a tomada de Qaraqosh e de outras cidades na região de Mossul (norte) pelos combatentes do EI. Entre as localidades ocupadas estão Tal Kayf, Bartela e Karamlesh, que foram "esvaziadas de seus habitantes", denunciou o bispo Joseph Thomas, arcebispo caldeu de Kirkuk e de Sulaymaniyah. "Esse é um desastre humanitário. As igrejas foram ocupadas, suas cruzes foram removidas", e mais de 1.500 manuscritos foram queimados, ressaltou Sako. "Hoje fazemos um apelo com muita dor e tristeza ao Conselho de Segurança da ONU, à União Europeia (UE) e às organizações humanitárias, para que ajudem essas pessoas em perigo", insistiu o patriarca que teme um "genocídio" da população cristã iraquiana. Em Roma, o papa Francisco fez nesta quinta-feira um apelo urgente à comunidade internacional para proteger a população do norte do Iraque. O porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, afirmou que o pontífice "se une aos apelos urgentes dos bispos" da região pela paz e pediu à comunidade internacional que proteja e garanta a ajuda necessária às pessoas em fuga. Pouco depois, diplomatas indicaram que o Conselho de Segurança da ONU teria uma reunião de emergência sobre a situação no Iraque. A reunião, a pedido da França, estava prevista para começar às 17h30 local (18h30 de Brasília) a portas fechadas. Sem resistência Em Qaraqosh, os jihadistas ocuparam a cidade após a retirada das forças curdas, explicaram moradores dessa localidade cristã de 50 mil habitantes. Qaraqosh fica entre Mossul, segunda maior cidade do país nas mãos do EI, e Erbil, a capital da região autônoma do Curdistão. No norte de Mossul, em Tal Kayf, onde viviam muitos cristãos e membros da minoria xiita de Chabak, os jihadistas "chegaram pouco depois da meia-noite" e "não encontraram resistência alguma", relatou Boutros Sargon, um habitante contactado por telefone em Erbil, após fugir durante a noite. Esse novo êxodo supera por sua amplitude a dos cristãos expulsos de Mossul em julho, enquanto a comunidade cristã no Iraque diminuiu mais de metade desde 2003 e está estimada atualmente em 400 mil pessoas. Em um comunicado, o EI saudou "uma nova libertação na província de Nínive (de onde Mossul é a capital), que servirá como uma lição aos curdos profanos". Esse avanço do IE deixa os jihadistas a apenas 20 km das fronteiras oficiais do Curdistão iraquiano e a apenas 40 km de Erbil. Liderados pelo EI, que já havia se estabelecido na Síria, insurgentes sunitas lançaram em junho uma ofensiva relâmpago no norte do Iraque, ocupando grandes faixas de território. Aproveitando-se da retirada do Exército, as forças curdas, de longe mais bem treinadas e organizadas, tomaram posições fora de suas fronteiras oficiais, ampliando informalmente o Curdistão em 40%. Elas têm recuado desde o final de julho. Nesta quinta-feira, no entanto, os peshmerga asseguraram que repeliram um ataque jihadista contra a represa de Mossul, uma infraestrutura que lhe permite controlar o acesso à água e à energia elétrica em toda a região. E as forças curdas se uniram ao Exército iraquiano e às milícias xiitas para realizar uma operação conjunta para libertar Amerli, uma cidade turcomana sob cerco há quase dois meses pelos jihadistas e localizada 160 km ao norte de Bagdá. Ação americana Um porta-voz das forças curdas "peshmergas" anunciou que aviões americanos bombardearam nesta quinta-feira posições "jihadistas" do Estado Islâmico no norte do Iraque. "Os F-16 entraram no espaço aéreo iraquiano em missão de reconhecimento e depois atacaram as forças do Estado Islâmico em Gwer, na região de Sinjar", disse à AFP o porta-voz Holgard Hekmat. Gwer está situada 30 km ao sudeste do principal posto de controle que leva à região autônoma do Curdistão. Em Washington, o Pentágono negou categoricamente essas informações. "Uma ação desse tipo não ocorreu", declarou no Twitter o almirante John Kirby. Segundo o jornal "New York Times", o presidente Barack Obama considera ordenar ataques aéreos contra os extremistas sunitas no norte do Iraque. Sem água nem comida Na quarta-feira, os combatentes curdos do Iraque, da Síria e da Turquia uniram suas forças em uma rara aliança para lutar contra os jihadistas no norte iraquiano e ajudar milhares de civis encurralados nas montanhas próximas. Os três grupos, cujas relações são geralmente tensas, colocaram suas diferenças temporariamente de lado em uma espécie de união sagrada. Milhares de civis, boa parte da minoria yazidi, estão presos nas montanhas do norte do Iraque, após fugirem dos jihadistas, que em 48 horas tomaram várias cidades curdas da região de Mossul. Sinjar, a 50 km da fronteira com a Síria, foi tomada no domingo, obrigando cerca de 200 mil pessoas a fugirem, segundo a ONU. Os jihadistas também invadiram Zumar, outra cidade perto de Mossul, de um poço de petróleo e de Rabia, um posto fronteiriço entre Síria e Iraque. Vários líderes políticos e organizações internacionais relataram centenas de civis desaparecidos desde a chegada dos jihadistas, assim como dezenas de crianças mortas nas montanhas. Centenas de yazidis estão buscando refúgio na Turquia, revelou uma fonte oficial turca que pediu para não ser identificada. Segundo esse funcionário consultado pela AFP, o número exato de refugiados ainda não é certo, mas outra fonte diplomática falou em algo em torno de 600 e 800 pessoas. Os refugiados estão abrigados em um complexo de Silopi, cidade situada nas proximidades da fronteira entre o Iraque e a Turquia. Catástrofe humanitária A Casa Branca condenou a última ofensiva jihadista denunciando uma "situação próxima de uma catástrofe humanitária". "Estamos trabalhando intensamente com o governo iraquiano para ajudar a resolver a situação humanitária", declarou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, acrescentando que "as ações dos jihadistas exacerbaram uma crise humanitária já extrema". "Estamos em contato permanente com eles (os iraquianos) para pensarmos nas maneiras de conceder uma ajuda adicional", explicou o encarregado. O "New York Times" anunciou que Obama analisa a possibilidade de lançar alimentos e remédios para ajudar a salvar milhares de iraquianos.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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