Publicada em 09 de Setembro de 2013 �s 11h08
O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Piauí (Hemopi) vem registrando, desde a última semana, um aumento considerável no número de pessoas que desejam se tornar doadoras de medula óssea. Essa demanda, segundo o Hemopi, está sendo motivada pelo pequeno Caio Augusto Rodrigues, de 5 anos de idade, que após passar por um Transplante de Medula Óssea (TMO), no final do ano passado, foi novamente diagnosticado com leucemia.
“Hoje, o banco de medula óssea está muito bem devido à campanha para ajudar o Caio. A média de doadores no Redome está de 50 pessoas por dia, mas, quando não há nenhuma ação nesse sentido, têm dias que aparecem só dois, três doadores ou, às vezes, nenhum”, revela Amparo Costa, supervisora do Redome.
Segundo Amparo, como as chances de compatibilidade são de 1 a cada 100 mil pessoas, é de suma importância que os cidadãos se cadastrem no banco de doação. “Eu comparo até mesmo com o jogo da loto, porque é muito difícil ser encontrado esse doador, mas não é impossível e, por isso, quanto mais pessoas se cadastrarem, mais chances têm de encontrar um doador compatível”, pondera.
Como o cadastro dos pacientes que estão à espera de doação é mundial, a supervisora do Redome pontua que não tem como saber quantos pacientes estão nessa situação no Piauí. Por outro lado, ela garante que o Redome possui 60 mil doadores cadastrados no estado.
Para se tornar um doador de medula óssea, basta a pessoa ter entre 18 e 55 anos de idade e ser saudável. Portanto a carteira de identidade e o CPF, o pretenso doador deve procurar o Hemopi que está situado na Rua 1º de Maio, nº 235, Centro/Sul, ao lado do Hospital Getúlio Vargas (HGV). “A única restrição que fazemos é com pessoas que já tiveram ou ainda estão com câncer, porque seu organismo é bastante debilitado”, informa.
Procedimento
O primeiro passo para quem pretende ser doador de medula óssea é fazer o cadastro no Redome. Nesta ocasião, é recolhido apenas o sangue necessário para o mapeamento genético daquela pessoa, que, posteriormente, será comparado com todos os pacientes da lista de espera.
“Após o preenchimento do cadastro, aqui mesmo no Hemopi, o doador de medula óssea segue para a sala de coleta onde é colhido 8 ml de sangue, uma quantidade semelhante a que é retirada em um hemograma de rotina”, explica a supervisora do Redome, Amparo Costa.
Em seguida, o tubo de ensaio contendo este líquido é encaminhado para o Laboratório de Imonogenética e Biologia Molecular (LIB), que está instalado na Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde é feito o HLA (Antígeno Leucocitário Humano), teste de compatibilidade onde se compara o perfil do doador com todos os pacientes que estão à espera de medula óssea no mundo.
Encontrando um doador e paciente compatíveis, Amparo Costa afirma que o Instituto Nacional do Câncer (Inca) se responsabiliza por todos os procedimentos dali em diante. “Eles convocam todas as pessoas envolvidas e, se for necessário, eles enviam passagens aéreas, bancam a estadia do doador na cidade onde vai ser feito o procedimento, tudo por conta do Ministério da Saúde, é um tratamento personalizado”, destaca.
Todavia, a falta de informação ainda inibe que mais pessoas se cadastrem no banco de dados. “Muita gente tem medo do procedimento e é isso que nós precisamos desmistificar”, defende a supervisora do Redome. E é ela quem esclarece os passos do transplante de medula óssea: “a pessoa não é cortada, a retirada da medula óssea acontece dos ossos largos da ‘bacia’ através de uma pulsão de seringa, uma agulha própria. Dali retira-se 10% da medula óssea do doador. É um procedimento que é anestesiado e que pode durar cerca de três horas consecutivas”.
Amparo Costa pontua ainda que, quando ocorre tudo bem no procedimento, no dia seguinte o doador já pode retomar sua vida normal. Porém, para ela se tornar novamente a doadora de outra pessoa leva cerca de 30 dias.
Doadores
Foi assistindo a um programa de televisão que a família da psicopedagoga Jaquelline Britto soube do retorno da doença de Caio. Sensibilizadas com a situação do garoto, poucos dias depois elas se dirigiram até o Hemopi para se cadastrarem no banco nacional de doadores de medula óssea.
“Eu assisti uma reportagem na TV sobre a situação do Caio, de todo o drama que a família está vivendo, e é uma comoção geral e estamos convidando todo mundo que nós conhecemos para colaborar também. Eu e minhas filhas viemos movidas pelo Caio, mas desta forma poderemos ajudar a tantas outras pessoas que estão à espera de medula”, disse Jaquelline
Já a filha da psicopedagoga, Ana Elizabeth de Britto, lembra-se de um fator importante: temos que ajudar porque nunca sabemos se, no futuro, não será um filho nosso ou um parente que vai está precisando.
Ela ainda comenta da facilidade do cadastramento e coleta de sangue. “O procedimento foi super fácil, rápido, muito acessível, só preenchemos um formulário com nossos dados pessoais e lá dentro tira só uma ampola pequena como se você fosse fazer qualquer outro exame de rotina, enfim tranquilo”, avalia.