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Auditor revela que gastava din

Auditor revela que gastava dinheiro de propina com garotas de programa.

Publicada em 25 de Novembro de 2013 �s 00h11


 O Fantástico apresenta as confissões de um corrupto. Em uma entrevista exclusiva, o auditor fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães conta como desviava - e gastava - dinheiro da Prefeitura de São Paulo.
O auditor diz que era viciado em sexo e que a propina financiou encontros com garotas de programa, carrões e uma lancha, de R$ 500 mil.
Luís Alexandre: Entre hotel, jantar e mulher, já cheguei a gastar R$ 8 mil, R$ 10 mil.
Fantástico: Com dinheiro da corrupção?
Luís Alexandre: Isso.
Luís Alexandre Cardoso de Magalhães é um dos quatro auditores fiscais suspeitos de participar de um esquema de corrupção na prefeitura de São Paulo. Ele, Carlos Augusto di Lallo, Eduardo Barcelos e Ronilson Bezerra são investigados por cobrar propina de construtoras para que elas pagassem menos ISS, o Imposto Sobre Serviço. A fraude pode chegar a R$ 500 milhões.
Luís Alexandre: Eu vou responder pela parte que eu fiz. O resto é com a Justiça.
Fantástico: Por que você resolveu denunciar todo o esquema e colaborar com o Ministério Público.
Luís Alexandre: No momento em que eu fui preso eu estava com muito medo de perder a guarda do meu filho. Eu entendi que a minha melhor participação nisso era assumir a parte que me cabe. Na verdade, eu revelei como a gente operava.
O auditor revela: as empresas envolvidas no esquema conheciam a fraude e sabiam até quem seria o subsecretário de Finanças antes mesmo que o nome fosse anunciado pela prefeitura.
Fantástico: As empresas não são vítimas?
Luís Alexandre: Não. Quem queria participar já procurava a gente. A construção civil sabia quem ia ser o chefe do setor antes mesmo da nomeação.
Fantástico: E quando elas chegavam, como era essa conversa?
Luís Alexandre: Tinha obra que devia muito. Então, eles sugeriam já, eles já sabiam como funcionava, já sugeria participar daquela situação.
Luís Alexandre explica que as construtoras, muitas vezes, chegavam a pagar apenas a metade do que deviam aos cofres públicos. E dessa metade, só uma pequena parte era recolhida como imposto. O resto virava propina.
Fantástico: O dinheiro da fraude era dividido em partes iguais ou não?
Luís Alexandre: O que sobrava dividia em quatro.
Fantástico: Em média, quanto cada um recebia?
Luís Alexandre: O Ministério Público insistiu nessa pergunta. Às vezes, era R$ 70 mil. Às vezes, era R$ 30 mil. Às vezes, R$ 40 mil.
Fantástico: Por semana?
Luís Alexandre: Por semana.
E, segundo ele, tudo em dinheiro vivo.
Fantástico: No seu depoimento, você fala que chegou a levar dinheiro na própria prefeitura, no 11º andar. Isso acontecia?
Luís Alexandre: Aconteceu, porque a gente trabalhava em um prédio e o subsecretário fica em outro prédio.
Na época, o auditor Ronílson Bezerra era o subsecretário de Finanças. Ele era o mais ansioso na hora de receber a propina, diz Luís Alexandre.
Luís Alexandre: Ele queria na hora; Aconteceu uma situação de manhã, até a tarde tinha que estar com ele. Uma aflição absurda.
Fantástico: Como era feito esse transporte?
Luís Alexandre: Em pacote, uma sacola.
Questionado sobre o envolvimento de políticos no esquema e o financiamento de campanhas, Luís Alexandre desconversou.
Luís Alexandre: Não sei te falar. Eu vou até aonde vai a minha participação. Não sei e nunca ouvi falar sobre isso.
Fantástico: A sua participação...
Luís Alexandre: Era até o subsecretário.
De acordo com Luís Alexandre, só Ronílson tinha contato com políticos.
Luís Alexandre: Não tinha nem contato no dia a dia com o subsecretário para saber com quem ele falava, com quem ele se relacionava, qual era o nível da conversa. Eu nunca participei.
Fantástico: Para quem você deu dinheiro durante todo esse tempo?
Luís Alexandre: Para o Lallo, para o Barcellos e para o Ronílson.
O advogado de Ronílson Bezerra não quis comentar as declarações de Luís Alexandre. O de Carlos Augusto di Lallo disse que o cliente dele não recebeu propina. Já o advogado de Eduardo Barcellos confirmou que o auditor recebeu dinheiro de construtoras.
E onde foi parar o patrimônio de Luís Alexandre? Ele chegou a falar com uma funcionária de um banco em Miami, nos Estados Unidos, como mostra esta escuta telefônica.
Luís Alexandre: Qual é o assunto que a senhora quer tratar comigo, dona Vera?
Dona Vera: Eu estou falando a respeito da conta “Concentração”.
Fantástico: Você tem conta em Miami?
Luís Alexandre: Não.
Fantástico: E o seu patrimônio? Você comprou com dinheiro da corrupção, da fraude?
Luís Alexandre: Eu gastei muito dinheiro na noite.
Fantástico: Com o quê? Saía à noite?
Luís Alexandre: É. Cada um teve a sua compulsão. Eu tive uma. Eu comecei a ficar compulsivo por sexo. Eu frequentava alguns locais que eram frequentados por garotas de programa e, às vezes, eu chegava às 16h e saía às 6h, ia em casa, tomava um banho e ia trabalhar.
Fantástico: Gastava quanto em uma noite?
Luís Alexandre: Eu nunca tomei vinho de R$ 4 mil, mas já paguei para algumas pessoas que já saíram em capas de revistas R$ 5 mil para mulher.
Com o dinheiro da propina, Luís Alexandre levava uma vida luxuosa: viajava para Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em avião particular, sempre com garotas de programa.
Luís Alexandre: Ficava sábado e domingo em alto mar. Voltava, às vezes, segunda de manhã. Fiz isso algumas vezes. Não com as mesmas meninas. Levava uma. Aí, em outra viagem, levava duas.
O avião que Luís Alexandre costumava alugar era um bimotor com capacidade para até seis pessoas. Hoje, ida e volta para Angra dos Reis sai por cerca de R$ 6 mil e o auditor fiscal fazia pelo menos duas viagens por mês. Tudo pago com o dinheiro da fraude.
Fantástico: Você tem uma lancha lá também?
Luís Alexandre: Tenho.
Fantástico: Passeava também com as garotas nessa lancha?
Luís Alexandre faz que sim com a cabeça.
A lancha de Luís Alexandre custa, hoje, no mercado, R$ 500 mil.
Fantástico: Se fosse só o dinheiro do seu salário, você não gastaria isso?
Luís Alexandre: Não. Nem dava para fazer isso. Você não gasta com isso o dinheiro fruto do seu sacrifício. Gastava porque entrava. Eu quis viver.
Fantástico: E viveu?
Luís Alexandre: Vivi.
Luís Alexandre conta que foi em uma dessas aventuras que conheceu Vanessa Alcântara, a ex-namorada que aparece em escutas telefônicas com o auditor, ameaçando denunciar o esquema. Eles têm um filho de nove meses. “Vou contar que ‘tu’ contava dinheiro no tapete da minha sala. A gente contava R$ 200 mil. Lembra disso?”, perguntou Vanessa em gravação.
Fantástico: Como você conheceu Vanessa?
Luís Alexandre: Eu conheci em 2011, em uma casa frequentada por garota de programa.
Fantástico: Você contava dinheiro assim, no apartamento?
Luís Alexandre: Eu nunca contei dinheiro com ela no tapete, porque, se eu contasse, ela pegaria pelo menos a metade.
Vanessa diz que Luís Alexandre está mentindo. “Eu já cheguei a contar até R$ 400 mil, mas existiam valores menores: R$ 40 mil, R$ 80 mil. Ele usou de ‘a Vanessa é esquizofrênica, bipolar, garota de programa’, disso tudo para tentar me denegrir”, diz ela.
Luís Alexandre acusa Vanessa de usar o filho do casal para tirar dinheiro dele.
Segundo o auditor, em uma escuta telefônica em poder do Ministério Público, Vanessa agride a criança. “Eu não bati. Eu botava a chupeta, ele calava. Eu tirava a chupeta e ele estava quase dormindo, mas não foi um tapa”, conta Vanessa.
Luís Alexandre conseguiu a guarda da criança na Justiça.
Vanessa pode ver o menino uma vez por semana, só no fórum e na presença de uma assistente social. No vídeo do último encontro, na segunda-feira (18), Vanessa agride Luís Alexandre. “Como é que você vai sustentar o teu filho, Luís?”, pergunta ela, antes de acertar um soco na nuca dele.
“Começou a dar risada de canto de boca para mim. Eu fui para cima dele no impulso de mãe, muito nervosa, e dei um tapa na cabeça dele. Pode passar o tempo que for, ele vai para a cadeia. Ele vai perder tudo”, afirma Vanessa.
Hoje, Luís Alexandre mora com o filho e a nova namorada. O auditor pode ser condenado a 25 anos de cadeia.
Fantástico: Você não se arrepende de ser corrupto?
Luís Alexandre: Essa pergunta, eu ainda não sei te responder. A ficha não caiu.
Fantástico: Quem é o Alexandre corrupto?
Luís Alexandre: O Alexandre corrupto foi o que aceitou fazer parte dessa situação.
Fantástico: Se você tivesse condições de devolver esse dinheiro, você devolveria?
Luís Alexandre: É, não dá para fazer isso, né? Como é que eu vou fazer?
Fantástico: Nem teria como?
Luís Alexandre: Não teria como. Só se eu bater na porta de um monte de moça por aí e tentar devolver e tal. Não tem como.

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Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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