Ativistas ainda estavam na Cidade da Polícia, no Subúrbio
Imagem: G1Ativistas ainda estavam na Cidade da Polícia, no Subúrbio
Doze dos 19 ativistas presos durante operação da Polícia Civil neste sábado (12) foram transferidos para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, na tarde deste domingo (13). Entre os ativistas, está Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, considerada a líder do grupo nas investigações da Polícia Civil.
Segundo informações da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, Joseane Maria Araújo Freitas, Camila Aparecida Rodrigues Jourdan, Gerusa Lopes Diniz, Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, Eduarda Oliveira Castro de Souza, Filipe Proença de Carvalho Moraes, Igor Pereira D Icarahy, Emerson Raphael Oliveira da Fonseca, Felipe Frieb de Carvalho, Bruno de Sousa Vieira Machado e Pedro Brandão Maia foram levados já na tarde deste domingo. Sete outros ativistas ainda estão sob poder da Seap. Nove outras pessoas indiciadas estão foragidas, segundo a Polícia Civil.
Antes de serem encaminhados para a penitenciária, eles passaram por um procedimento padrão na manhã deste domingo. Todos os ativistas foram ouvidos e fizeram exame de corpo de delito.
Ainda de acordo com a Seap, as mulheres do grupo serão levadas para a penitenciária Joaquim Ferreira de Souza; já os ativistas do sexo masculino serão levados para o presídio José Frederico Marques.
Sininho chega ao Rio
O voo com a ativista Elisa Quadros Sanzi, a Sininho, presa neste sábado (12) em Porto Alegre, chegou ao Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) às 18h55, segundo informações da Infraero. Ela desembarcou no terminal 1 e não falou com a imprensa. De lá, foi levada para a Cidade da Polícia, onde estavam os outros 18 presos em operação contra atos violentos. Dois menores foram apreendidos.
Investigações da Polícia Civil apontam que a ativista, de 28 anos, liderava o grupo, que planejava ataques com artefatos explosivos durante protestos marcados para este fim de semana no Rio. A informação pelo chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, em entrevista coletiva.
As prisões acontecem na véspera da final da Copa do Mundo, entre Alemanha e Argentina, no estádio do Maracanã, neste domingo (13), quando também será feita a cerimônia de encerramento do evento. Pelo menos dois protestos estão marcados em redes sociais para este domingo.
"A polícia está atenta, mas podemos afirmar que essa quadrilha pretendia praticar atos violentos se não hoje, amanhã [domingo]”, disse Veloso, acrescentando que as provas são "robustas" e consistentes”.
O advogado de defesa de Elisa Quadros, Marino D" Icarahy, disse que a operação é uma tentativa de calar as vozes que vêm das ruas, criminalizando a atuação destas pessoas.
A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ) informou, em nota, que demonstra preocupação com as prisões com base na acusação de crime de formação de quadrilha armada. "Considerando-se que uma manifestação foi convocada para amanhã, dia 13, as prisões parecem ter caráter intimidatório", diz o texto.
Na operação, foram apreendidos máscaras de proteção contra gás lacrimogêneo, explosivos e arma de fogo, além de computadores e celulares.
26 mandados de prisão
A 27ª Vara Criminal da capital expediu 26 mandados de prisão temporária e dois de busca e apreensão de menores de idade. De acordo com a polícia, outras duas pessoas foram presas em flagrante e nove estavam foragidas até as 15h. Os suspeitos ficarão presos temporariamente, por cinco dias, por formação de quadrilha armada, com pena prevista de até três anos de reclusão.
Liderança de Sininho
A delegada Renata Araújo, adjunta da Delegacia de Repressão à Crimes de Informática (DRCI), informou que declarações de mentores da Frente Independente Popular (FIP), black blocs e outros grupos de ativistas indicaram que Sininho representava um papel de liderança em atos violentos.
“Eles planejavam ataques e se aproveitavam de problemas reais para fazer manifestações onde usavam artefatos para incendiar ônibus, depredar agências bancárias, entre outros”, explicou a delegada.
Em notas públicas, ONGs repudiaram as prisões de ativistas na véspera da final do Mundial. A Justiça Global afirmou que a ação têm "propósito único de neutralizar, reprimir e amedrontar aqueles e aquelas que têm feito da presença na rua uma das suas formas de expressão e luta por justiça social".
A Anistia Internacional afirmou que o fato é "preocupante por parecer repetir um padrão de intimidação que já havia sido identificado pela organização antes do início do mundial".
Ativistas detidos antes da Copa
Ação semelhante ocorreu na véspera da abertura do Mundial, no dia 11 de junho. Na ocasião, 10 ativistas foram levados para a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) na Cidade da Polícia, para prestar esclarecimentos. Segundo a polícia, eles seriam ligados ao movimento Black Bloc. Entre eles, também estava Sininho.
Sininho é produtora de cinema e tem participação ativa em protestos no Rio desde junho do ano passado. A jovem integrou o movimento “Ocupa Câmara”, que montou acampamento em frente à Câmara Municipal em defesa da CPI dos Ônibus, suspensa por decisão judicial.
Em outubro do ano passado, Sininho foi presa junto com outras 63 pessoas que participavam do movimento. Autuada por formação de quadrilha ou bando, a jovem foi levada para o sistema prisional. Na ocasião, em entrevista ao G1, a então advogada da ativista, Larissa Azevedo, disse que Sininho havia sido presa por PMs e levada para a delegacia de forma arbitrária.
Segurança para a final da Copa
Cerca de 25.787 homens de várias corporações participarão do esquema de segurança da final da Copa do Mundo no Rio de Janeiro, informou o secretário de Segurança , José Mariano Beltrame, na manhã desta sexta-feira (11). O secretário classifica o esquema como a maior operação de segurança da história do Rio de Janeiro.
O número de quase 26 mil agentes se refere aos horários de pico, e incluem, além do policiamento do estádio do Maracanã, na Zona Norte, no Palácio Guanabara, na Zona Sul, e Lapa, no Centro, reforço em lugares com grandes concentrações de argentinos, como o Sambódromo, no Centro; Fundão, Zona Norte; e Búzios, na Região dos Lagos.
Ativistas detidos:
- Eliza Quadros Pinto Sanzi, "Sininho"
- Gerusa Lopes Diniz, "G Lo"
- Tiago Teixeira Neves da Rocha
- Eduarda Oliveira Castro de Souza
- Gabriel da Silva Marinho
- Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, "Moa"
- Eloysa Samy Santiago
- Camila Aparecida Rodrigues Jourdan
- Igor Pereira D" Icarahy
- Emerson Raphael Oliveira da Fonseca
- Rafael Rêgo Barros Caruso
- Filipe Proença de Carvalho Moraes, "Ratão"
- Felipe Frieb de Carvalho
- Pedro Brandão Maia, "Pedro Funk"
- Bruno de Souza Vieira Machado
- Rebeca Martins de Souza
- Joseane Maria Araújo de Freitas
- Eronaldo Araújo da Fonseca (prisão em flagrante por arma e munições)
- Sarah Borges Galvão de Souza (prisão em flagrante por drogas)
- Outros dois menores apreendidos (cujos nomes estão preservados como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente)
Ativistas foragidos:
- Luiz Carlos Rendeiro Junior, "Game Over"
- Luiza Dreyer de Souza Rodrigues
- Ricardo Egoavil Calderon, "Karyu
- Igor Mendes da Silva
- Drean Moraes de Moura Corrêa, "DR"
- Shirlene Feitoza da Fonseca
- Leonardo Fortini Baroni Pereira
- Pedro Guilherme Mascarenhas Freire
- André de Castro Sanchez Basseres