Um atirador da Polícia Civil chegou a pedir permissão para abater um suspeito durante a realização da partida de abertura da Copa em São Paulo, em 12 de junho. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o homem que levantou as suspeitas do atirador era um policial militar que estava em local não permitido: perto da tribuna onde estavam a presidente Dilma Rousseff e outras autoridades.
"A Secretaria da Segurança Pública esclarece que, no episódio em questão, houve um erro de comunicação que foi rapidamente sanado, sem maiores consequências", informou a pasta em nota (veja íntegra abaixo).
A autorização para fazer o disparo foi negada após checagem da identidade do suspeito. O policial foi retirado da área das tribunas, onde não deveria estar. As suspeitas ocorreram durante o segundo tempo da partida. A falha no sistema de segurança foi revelada na edição desta sexta-feira (27) pelo jornal "Folha de S. Paulo".
O ministro do Esporte comentou o episódio nesta manhã. "Esse tipo de episódio não é de dar opinião. A segurança esclareceu que um atirador de elite flagrou, em área proibida, a presença de alguém portando arma e um colete de grupo de elite da polícia militar", esclareceu.
"Como essa área dava acesso às autoridades presentes, o atirador da polícia civil pediu permissão, autorização, para alvejar o suspeito. Essa autorização foi submetida a quem tem a atribuição de conceder, e ela foi negada, para averiguação e identificou-se que quem estava na área era um policial militar retirado de lá posteriormente", afirmou o ministro.
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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que o incidente não teve maiores consequências. “Durante uma operação de segurança, você tem muitas situações que acontecem e ficam em um âmbito interno. Essa [episódio do atirador] foi uma questão que ocorreu dentro de todos os protocolos", disse.
"Eu acompanhei junto com o secretário, no Centro de Comando e Controle. Isso foi resolvido dentro dos protocolos e nem chegou para nós. Não houve consulta ao Centro de Comando e Controle. Quem conhece segurança pública sabe que você tem ‘n’ situações que acontecem que, se separadas do contexto, parece que têm uma dimensão muito maior do que têm”, afirmou Cardozo.
Mala e suspeitas sobre segurança
De acordo com policiais ouvidos pelo G1, a confusão envolveu agentes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar e do Grupo Especial de Resgate (GER) da Polícia Civil. Dois homens do GER teriam sido autorizados pelo Exército a se posicionarem em um ponto no alto do estádio para monitorar a movimentação: no último pavimento antes da cobertura, sobre a "arquibancada sul".
Dentro do estádio, havia 15 homens do Gate que faziam inspeções de segurança e estavam concentrados na garagem 2, no subsolo. Durante o segundo tempo, uma mala encontrada na área externa da arena teria levado policiais desse grupo a se deslocar em busca de supostas ameaças após comunicado do centro de controle.
Ainda segundo fontes ligadas ao esquema de segurança ouvidas pelo G1, foi neste momento que o policial militar teria sido visto em uma área perto das tribunas e despertado a atenção do agente do GER que estava no alto do estádio.
A dupla de policiais civis que estava no alto do estádio tinha um fuzil AR-15 e um binóculo, de acordo com agentes ouvidos pelo G1. Ao verem o policial perto das autoridades, os policiais enviaram uma foto para seus superiores para solicitar autorização para atirar. O pedido foi negado após checagem do comando da operação.
Secretaria nega risco de morte
"Nota à imprensa
A Secretaria da Segurança Pública reafirma que, no episódio envolvendo policiais paulistas durante a abertura da Copa, houve um erro de comunicação que foi rapidamente sanado, sem maiores consequências. Ao contrário do que vem sendo divulgado por alguns veículos de comunicação, em nenhum momento foi colocada em risco a segurança das autoridades e ou torcedores. Prova disso é que o protocolo para que o sniper pudesse atuar sequer foi colocado em prática.
Este protocolo pressupõe três etapas.
1. Autorização para o atirador carregar a arma, que por razões de segurança está desmuniciada.
2. Autorização para que o snipper coloque o alvo na alça de mira.
3. Autorização para atirar.
Nenhuma destas três etapas foi deflagrada porque o erro de comunicação foi rapidamente corrigido. Afirmar que quase houve morte nesta situação é causar alarmismo."