Publicada em 19 de Abril de 2012 �s 13h35
“Quero fazer um relato sobre a minha infância. Minha família é pobre e, por isso, eu e meus irmãos tivemos de trabalhar na roça e vender o que produzíamos. Chegávamos na escola cansados, sem disposição para estudar”. O depoimento de Cleanny Nascimento, hoje com 16 anos, é semelhante ao de muitas crianças e adolescentes que trabalham no Brasil. Durante solenidade de assinatura do Termo de Compromisso do Governo do Estado de implantar o Plano Estadual de Enfrentamento ao Trabalho Infantil, nesta quinta-feira (19), no Palácio de Karnak, Cleanny mostrou a realidade de milhares de pequenos perdem a infância para trabalhar. A solenidade contou com a presença de Maria Isabel da Silva, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República.
Após a assinatura do termo, o governador Wilson Martins destacou investimentos em programas como Pelotão Mirim, Cidadão Mirim, Mais Educação (escolas de tempo integral) e Segundo Tempo como formas de tirar crianças e adolescentes da situação de vulnerabilidade. “Temos executado importantes ações em parceria com o Governo Federal e com os municípios. Quero enaltecer a rede de proteção social instituída pelo presidente Lula e mantida pela presidenta Dilma, com programas de transferência de renda, geração de emprego e renda. Através dessa rede, tiramos 500 mil pessoas da linha de pobreza”, afirmou.
Já Maria Isabel Silva afirmou que são importantes as ações do Poder Executivo federal, estadual e municipal, mas ressaltou que a população como um todo deve participar da luta contra o trabalho escravo. “É preciso fiscalizar, denunciar, disca 100 (número do disk denúncia contra o trabalho infantil), buscar os conselhos tutelares”, enumerou.
O Plano Estadual de Enfrentamento ao Trabalho Infantil está sendo elaborado pelo Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação ao Trabalho Infantil do Piauí (FETI-PI), que conta com a participação de entidades governamentais, como as Secretarias Estaduais de Educação (Seduc), Saúde (Sesapi) e Assistência Social e Cidadania (Sasc), e entidades não governamentais. “Cerca de 20% das crianças que trabalham não estudam. Isso está diretamente ligado à pobreza. Por isso, esse Plano prevê ações voltadas para a presença de crianças e adolescentes na sala de aula, inclusão produtivas dos pais, reforço à fiscalização”, comentou o secretário estadual de Assistência Social e Cidadania, Francisco Guedes.
Rubervan Nascimento, coordenador do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação ao Trabalho Infantil, ressaltou o esforço feito no estado para reduzir os índices de crianças e adolescentes que trabalham, especialmente no sentido de identificar os locais em que há trabalho infantil e quais as crianças e adolescentes envolvidas.