Assassino de Décio tinha....
O homem suspeito de ter matado o jornalista Décio Sá, em São Luís (MA), e o agiota Fábio Brasil, em Teresina (PI), admite ter cometido mais de 20 assassinatos. A polícia diz que o atirador, Jonathan Sousa Silva, confessou crimes “sob encomenda”. A morte de Sá teria sido encomendada por R$ 100 mil.
O capitão da Polícia Militar do Maranhão, Fábio Aurélio Saraiva, estava dormindo quando a polícia invadiu a casa dele, num bairro de classe média em São Luís, capital do Maranhão, por volta das 6h da manhã desta quarta-feira. Ele e mais seis pessoas foram presas suspeitas de praticar agiotagem e de fazer negociatas junto a prefeituras do Maranhão, Pará e Piauí.
O grupo é suspeito de formar um consórcio para matar Décio Sá dois meses atrás porque o jornalista vinha denunciando a quadrilha. Segundo a polícia, Jonathan de Sousa e Silva confessou que matou Décio Sá com uma arma fornecida pelo capitão da PM Fábio Aurélio Saraiva. Décio vinha divulgando em seu blog notícias sobre a morte do agiota Fábio Brasil, que morreu assassinado a tiros, na avenida Miguel Rosa, zona Sul de Teresina, em abril deste ano.
DÉCIO SÁ 'SABIA DEMAIS'
Décio, como se diz no popular, "estava sabendo demais" sobre a morte de Fábio Brasil. Este havia sido preso dias antes e em depoimento à Polícia havia confessado parte do esquema de agiotagem e 'entregou' os nomes de alguns participantes do consórcio de agiotagem que envolvem prefeituras no Piauí e no Maranhão. Primeiro o grupo contratou Jonathan para matar Fábio Brasil. Depois que Décio apareceu com informações sobre o grupo, foi o segundo a morrer. E mais gente estava ameaçada desde então. Uma série de assassinatos estava previsto.
Fábio Brasil, morto em Teresina, tinha revelado detalhes do esquema de agiotagem e por isso foi assassinado em plena manhã numa movimentada avenida Miguel Rosa
COMO JONATHAN FOI PRESO
Em entrevista realizada na quinta-feira, o secretário de Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes falou sobre o trabalho da polícia na elucidação do caso do assassinato do jornalista Décio Sá e do agiota Fábio Brasil. Nos depoimentos preliminares que foram tomados, os suspeitos confessaram que contrataram Jonathan Sousa Silva para executar o jornalista Décio Sá. Aluísio afirmou que a polícia prendeu Jonathan Sousa Silva, no dia 5 de junho por tráfico de drogas, mas que a investigação já sabia que ele era o autor do crime.
Acusado de matar Décio Sá e Fábio Braisl, Jonathan Silva cobrava até R$ 100 mil para matar uma pessoa; ele teria negócios até com prefeitos do PI e do MA
ENVOLVE GENTE MUITO PODEROSA
"O grau de pseudo-proteção dessa quadrilha era tão grande que eles contrataram um assassino frio, e não pagaram o valor total que foi combinado para que ele matasse Décio. Isso fez com que ele voltasse para São Luís, para cobrar esses mandantes. Ele foi preso um dia antes de matar o Bolinha, a prisão salvou o Bolinha. Queremos saber agora quem vendia essa proteção a essa quadrilha", afirmou Aluísio. "Quando nós o prendemos já sabíamos que ele era o assassino. Mas as investigações estavam em sigilo e não podíamos espantar os outros envolvidos. Inclusive, o retrato falado foi feito e nesse período nós já sabíamos como ele era, quem era o Jonathan. Quando ele foi preso ele foi confrontado com diversas provas e não teve como negar participação no caso. Ele acreditou na polícia e confessou toda a história", esclareceu.
Secretário de Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes, concedeu entrevista coletiva falando sobre o caso e diz que envolve prefeituras
ENVOLVE PREFEITURAS DO PIAUÍ E MARANHÃO
O secretário falou, ainda, que ninguém foi recompensado com os R$ 100 mil oferecidos pelo Disque-Denúncia. " A elucidação do caso se deu, em sua maior parte, pela investigação da polícia. Essa quantia foi oferecida para estimular o número de denúncias, mas a elucidação do caso é resultado da investigação da polícia", finalizou. De acordo com o secretário Aluísio Mendes, uma espécie de 'consórcio' acabou sendo formado pelos suspeitos para executar o jornalista na noite de 23 de abril, em um bar da Avenida Litorânea. Na manhã dessa quarta-feira (13), a polícia do Maranhão deflagrou a Operação "Detonando", que efetuou as prisões que elucidaram o caso. Mas as investigações não param por aí. O esquema de agiotagem, desvio de recursos públicos e falcatruas com dinheiro de prefeituras está sob investigação. Com essas prisões as Polícias do Maranhão e do Piauí contribuem para que a Polícia Federal faça uma apuração detalhada sobre quem bancava realmente este consórcio.