Julian Assange, fundador do WikiLeaks.
Julian Assange, fundador do WikiLeaks. O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, pediu nesta quarta-feira aos Estados de todo o mundo que ajudem o ex-agente da Agência de Segurança Nacional (NSA), o americano Edward Snowden, quando expirar o prazo de seu asilo na Rússia, em 1º de agosto. Em uma teleconferência com jornalistas, Assange disse que "certamente seu asilo (na Rússia) será renovado, mas outros países deveriam se oferecer para ajudá-lo", provavelmente concedendo refúgio em seus territórios. Acompanhado de sua equipe jurídica, o australiano falou sobre sua situação às vésperas de completar dois anos de seu refúgio na embaixada do Equador em Londres, país que deu asilo a ele para impedir sua extradição à Suécia, onde é acusado de crimes sexuais. Assange disse que nestes dois anos a atividade do WikiLeaks não parou e ultimamente está focado em ajudar Snowden a fugir da perseguição dos Estados Unidos, motivada por ter revelado o sistema de espionagem em massa americano. Graças a sua "experiência", Julian Assange e equipe puderam acompanhar o ex-espião no périplo até Moscou. Na semana passada o líder do WikiLeaks fundou em Berlim a Courage Foundation para promover a defesa de Snowden e de outros informantes que denunciam abusos do Estado. Sobre sua própria situação, o advogado de Assange nos Estados Unidos, Michael Ratner, anunciou que mais de 30 entidades a favor da liberdade de expressão pediram a Eric Holder, procurador-geral dos EUA, que dissolva o grande júri montado para investigar o WikiLeaks, portal que em 2010 revelou milhares de comunicações diplomáticas confidenciais e abusos nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Assange pediu a Holder que deixe "a maior investigação já feita contra um editor" e que Barack Obama "reflita" sobre seu legado como líder americano que "mais espionou e investigou jornalistas e suas fontes" realizou. O fundador do WikiLeaks se refugiou na embaixada equatoriana em 19 de junho de 2012, depois de a Corte Suprema do Reino Unido autorizar sua entrega à Suécia. Ratner reiterou que se viajar para a Suécia, que nunca o acusou formalmente, corre o risco de ser extraditado para os Estados Unidos, onde enfrentaria "uma situação semelhante a de Chelsea Manning", o soldado que vazou a informação a WikiLeaks em 2010 e agora está condenado a 35 anos de prisão. Enquanto o governo do Equador mantém o apoio a Assange, o executivo britânico se nega a conceder o salvo-conduto necessário para deixar a embaixada em Londres, vigiada 24 horas por dia pela polícia local e se deslocar até Quito. Assange, de 42 anos e pai de um filho, revelou hoje que, após ser divulgado que ele tinha ajudado Snowden em 2013, o governo de David Cameron "cancelou unilateralmente" a comissão britânico-equatoriana de juristas que trabalhava para resolver seu caso. Isto demonstra, assinalou, que tratam a questão não como um caso de asilo, "mas de segurança nacional". Já as autoridades da Suécia se negaram a interrogar Assange na embaixada equatoriana, apesar das quatro ofertas feitas por sua equipe legal, que apresentará novos documentos à promotoria na terça-feira. Apesar destas dificuldades e de reconhecer que seria "prazeroso" poder voltar a fazer parte do mundo exterior, Assange se mostrou relativamente encorajado e convencido do papel "relevante" do WikiLeaks, que agora se transformou em um motor de busca de documentos secretos, com um arquivo de mais de oito milhões deles.