O presidente da Síria Bashar Assad e sua mulher recebem familiares de mortos em guerra civil no país
Veículos de imprensa oficiais da Síria publicaram nesta quarta-feira (7) fotografias do presidente Bashar al-Assad e sua mulher, Asma, cercado de crianças, por causa do Dia dos Mártires, em plena corrida rumo às eleições presidenciais no país, convocadas para 3 de junho. Assad será candidato, em busca de um terceiro mandato.
Imagem: AP Photo/SANAO presidente da Síria Bashar Assad e sua mulher recebem familiares de mortos em guerra civil no país
O líder e sua mulher participaram de recepção nesta terça (6) em um palácio presidencial, aonde foram filhos de vítimas do conflito no país árabe, informa a agência Efe. Nas fotos, o casal, sorridente, abraça e dá mostras de afeto aos menores.
A agência de notícias oficial síria, Sana, assinalou que durante o ato o chefe de Estado disse que o Dia dos Mártires significa muito para os sírios: "Sempre estivemos orgulhosos de nossos mártires, que protegeram, junto a suas famílias, nossa pátria".
Assad estimulou as crianças a se sentirem orgulhosos de seus pais, que "ofereceram seu sangue pelo bem da pátria e por cada cidadão". "Se todo o mundo fosse forte e firme e não se deixasse intimidar, como vocês e suas famílias, teríamos certeza da vitória contra os terroristas", afirmou.
Em relação a isso, o líder se mostrou convencido de que a Síria realizará algum dia a derrota dos "terroristas".
Retirada de rebeldes
A difusão das imagens de Assad e de sua mulher coincidem com o início da retirada dos rebeldes nesta quarta (7) da parte antiga da cidade de Homs, uma das fortificações da oposição, após um acordo feito com as autoridades.
O último grupo de rebeldes irredutíveis, há mais de dois anos cercados pelas tropas governamentais, começaram a deixar a área antiga de Homs, no centro da Síria, uma vitória para o regime sírio a um mês da aguardada reeleição do presidente Bashar al-Assad.
A retirada de ao menos 1.200 combatentes, civis e feridos de Homs, também conhecida como a "capital da revolução" por ter sido palco das maiores manifestações contra o regime em 2011, é resultado de um acordo inédito concluído há dois dias pelos rebeldes e as forças de segurança da Síria.
A retirada começou às 10h (4h, no horário de Brasília) em ônibus que tiveram suas janelas tapadas com papel, informa a agência AFP.
"Até o momento, 400 pessoas deixaram o enclave sitiado", indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
O governador de Homs, Talal al-Barazi, confirmou a saída de três comboios rebeldes da área antiga da cidade. "Se for possível, um quarto grupo deixará a cidade esta noite e a operação continuará na quinta-feira". Os comboios seguiram para Dar al-Kabira, uma cidade rebelde que fica 20 km ao norte.
"Vontade de chorar"
O presidente Assad, citado pela televisão estatal, afirma que "o Estado apoia o processo de reconciliação nacional em todas as regiões, porque deseja parar o derramamento de sangue e porque acredita que a solução para a crise não pode vir do exterior, mas dos próprios sírios".
Para o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, o que aconteceu é, "sobretudo, uma derrota para a comunidade internacional".
Durante os dois anos de cerco, quase 2.200 pessoas morreram na parte antiga da cidade, de acordo com o OSDH. No centro histórico, completamente em ruínas, já não havia comida e outros produtos básicos."Sinto uma enorme vontade de chorar. Sinto que minha alma deixou meu corpo ao sair de Homs", relatou à AFP um rebelde de Dar al-Kabira, Wael. Ele também disse que os recém-chegados estavam morrendo de fome e muito magros.
O acordo para a retirada também contempla a libertação de prisioneiros sob poder dos rebeldes na cidade de Aleppo, norte do país. Os rebeldes permitirão ainda o acesso de ajuda humanitária às cidades xiitas de Nubol e Zahraa, cercadas pelos insurgentes.