A gestora de RH Patricia Mussi, de 35 anos, costumava levar sua filha de 5 anos para brincar todas as tardes no entorno do Maracanã. Em dezembro do ano passado, a brincadeira ao ar livre foi substituída pelo playground do prédio em que a família mora, na Rua Conselheiro Olegário, a 50 metros do palco da final da Copa do Mundo. A decisão foi tomada por Patricia quando ela se tornou vítima da violência da região: numa segunda-feira, por volta das 7h, ela teve um cordão arrancado de seu pescoço, na calçada do estádio, quando se dirigia ao metrô para ir ao trabalho.
A 38 dias do início da Copa, a situação vivenciada por Patricia tornou-se mais comum ao redor do Maracanã. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o número de roubos na região do 4º BPM, que engloba os bairros de São Cristóvão e Praça da Bandeira, além do Maracanã, dobrou, se comparados os registros de março deste ano com o mesmo mês do ano passado. No período, foram assaltadas 238 pessoas em 2013, e 481 este ano — 15 por dia. — Só este ano, testemunhei três assaltos. Todos foram cometidos por meninos em bicicletas, que passam e arrancam bolsas e cordões — afirma Patricia. De acordo com os dados do ISP, o tipo de roubo mais comum na área é o assalto a pedestres: no mês de março inteiro, foram registradas 280 ocorrências do tipo — nove por dia —, 135% a mais do que em março de 2013. Roubos de automóveis, de celular e a estabelecimentos comerciais também apresentaram aumento, respectivamente, de 166%, 111% e 166%. Para moradores e atletas que frequentam a pista de atletismo do Maracanã, esses crimes são fruto da falta de policiamento, principalmente à noite e em fins de semana sem jogo no estádio.