"O que o Supremo não pensaria de mim?” Com essa pergunta o vice-presidente da República, Michel Temer, justificou hoje ao Blog do Moreno as razões que o levaram a evitar a discussão sobre a ilegitimidade do pedido e do acolhimento do processo de impeachment da presidente da República. Esse seu esforço, segundo ele, foi arruinado pelas declarações do ministro Jaques Wagner de que “assim como nós, Temer não vê lastro jurídico nesse pedido".
--- Isso foi o que me deixou mais indignado. Como constitucionalista, não posso dizer um absurdo desses. Os cidadãos brasileiros que entraram com esse pedido cumpriram todo um ritual, dentro das normas estabelecidas pela Constituição. O presidente da Câmara, depois de examinar a procedência desse pedido com o corpo jurídico da Casa, exerceu o direito constitucional de acolhê-lo. Cabe à presidente exercer também o seu direito constitucional agora de se defender e provar que agiu certo. Isso é da democracia”.
E prossegue Michel Temer:
--- Provocado por duas ações que pediam a interrupção do processo, o Supremo Tribunal Federal as recusou, confirmando que tanto o pedido como o acolhimento cumpriram as exigências constitucionais. Aí chego eu e digo, pela boca do Jaques Wagner, e digo: “ Não, está tudo errado: quem pediu, quem acolheu e, principalmente, o Supremo!”. Tal colocação, me deixou mal política e juridicamente. E, muito constrangido, até pelo respeito ao ministro Jaques Wagner, fui obrigado a desmentí-lo, para não ficar mal perante à sociedade e à Suprema Corte do meu país. Ninguém estava discutindo o conteúdo, o mérito, mas o rito constitucional. Reconhecer a legitimidade dessses procedimentos não é tomar posição contrária nem favorável ao impeachment.
Sobre as informações do outro ministro, Edinho Silva, de que daria assessoramento jurídico à presidente:
--- É inconcebível, nos dois casos, que pessoas com a responsabilidade de ministros de Estados passem à opinião pública diálogos inexistente entre as duas principais autoridades do país. Nesse caso, até dew tentativa de apequenamento das reais funções constitucionais do vice-presidente da República.
Conclusão de tudo isso:
--- Acho que quando insistiram para que eu voltasse, a caminho do aeroporto, para me encontrar com a presidente, já havia essa intenção de me envolver com a tese da ilegalidade do pedido e do acolhimento. Foi uma conversa rápida, de 15 a 20 minutos. Quando cheguei em São Paulo, já haviam transformado esse encontro numa “reunião de uma manhã inteira”.
Vazamento da carta:
--- Eu me cerquei de todos os cuidados, mandando pessoa da minha confiança entregar a carta de caráter pessoal e confidencial à presidente. Qual não foi a minha surpresa, ao desembarcar em Brasília na noite de segunda-feira?! Comecei a receber telefonemas de seus colegas jornalistas, querendo saber sobre o conteúdo de uma carta confidencial. O vazamento não foi da parte do remetente. Seria incoerente e deselegante eu vazar ou mandar vazar uma carta pessoal, com características de desabafo. Mais uma vez, avaliei mal.