Os brasileiros que estão na Faixa de Gaza voltaram a dar notícias. Na sexta-feira (27), a comunicação foi cortada em Gaza, após bombardeios intensos. O silêncio durou até este sábado (28).
Depois de horas sem contato, a equipe do Fantástico falou com alguns deles para saber como está a situação hoje na fronteira com o Egito. A maior preocupação é a falta de comida e água. Hoje, trinta e quatro pessoas esperam a repatriação ao Brasil.
Pela manhã, Hasan Rabee, um dos brasileiros em Gaza, falou novamente com a equipe do Fantástico. Ele, que está em Khan Yunis, só conseguiu fazer a ligação graças a um chip de celular que tinha do Brasil.
"Bombardeio piorou muito. Se acontece alguma coisa a gente não consegue ligar para o resgate", relatou Hasan.
Na manhã deste domingo (29), Hasan mandou um vídeo dizendo que conseguiu encontrar água à venda na cidade.
"Depois de dois dias a gente conseguiu achar água. Água mineral. Compramos dois saquinhos e eu acredito que dê para 3, 4 dias."
Neste domingo (29), o Fantástico voltou a falar com Hasan. Foram nove tentativas até que ele conseguisse atender.
"Nas águas, cada uma garrafa, 2 shekel. Mais ou menos 13 reais, meio litro. Aqui tem outra guerra. Guerra de procurar comida e água."
Hasan também falou sobre como o preço dos mantimentos está bem mais caro.
"Não é fácil, o gás que a gente comprou pagamos mais de 10 vezes do preço normal. Eu paguei no gás mais ou menos 250 shekel. Valendo em reais, 309 reais."
A maior vontade? Voltar para o Brasil. "A gente espera que a gente volte logo pra São Paulo, isso que a gente espera."
Procura por comida e água
Imagens que chegam mostram a rotina de quem está no território. São muitas pessoas na rua à procura de suprimentos. Há filas nos comércios e também para conseguir água.
Antes do corte na comunicação, os registros que chegavam já mostravam um cenário preocupante. É o que relata Shahed Al-Banna.
"Todas as geladeiras tinham frango, tinham peixe, tinham carne, mas agora não tem mais, por causa de falta de luz. Nenhuma fronteira aberta para entrar alimentos, comida. Tá tudo vazio, gente."
"Até as verduras e as frutas, tudo acabou. Esse armário aqui tava cheio até três dias atrás de alimento, de comida, agora tá vazio."
Shahed Al-Banna e Ahmed Alajrami estão em Rafah, no sul de Gaza, em uma casa bem perto da fronteira com o Egito. eles estão no grupo de 34 pessoas que esperam a repatriação para o Brasil.
Para encontrar comida e itens básicos, é preciso rodar a cidade, enfrentar filas e correr perigo.
O que diz o governo
Na última semana, o embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, orientou os brasileiros a estocarem comida. A representação diplomática está enviando dinheiro para a compra dos itens, mas a grande dificuldade é achar esses suprimentos.
Em nota, o Itamaraty informou que o escritório de representação do Brasil em Ramalá está em contato permanente com os grupos de brasileiros em ambas as cidades e que eles tem acesso garantido a água e alimentos pelos próximos dias. Disse ainda que não há previsão de quando será possível retirá-los da região. As negociações para a saída de Gaza continuam.