BRASÍLIA e RIO — Após ter o pedido de prisão decretado, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB) se apresentou na tarde desta sexta-feira (11) na sede da Secretaria de Polícia Civil, no Centro. Ela chegou ao local acompanhada de dois advogados e contestou a operação da qual foi alvo, classificando como "mentirosa" a delação que a coloca como integrante de um suposto esquema de corrupção.
— Ainda estou tomando ciência da denúncia, mas, pelo que sei até o momento, botam duas pessoas como sendo minhas "mulheres da mala". Sendo que uma delas, Sueli, eu nem tenho ideia de quem seja. A outra citada, a Vera, é minha amiga de anos e chefiou meu gabinete. Mas nunca participou de nenhuma irregularidade — disse Cristiane, que pretendia se candidatar à Prefeitura do Rio ou apoiar o nome indicado pelo PSL para o pleito municipal. Ela é filha de Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.
— A minha relação com o empresário Flávio Chadud (também preso) era de amizade. Eu o conheci na prefeitura, quando era secretária de Envelhecimento Saudável. Viramos amigos. Depois disso, se houve alguma irregularidade em contratos da Fundação Leão XIII, isso não tem relação comigo. Eu só empobreci na política.
Ao se entregar, ela também criticou o fato de ter a prisão preventiva, sem prazo para sair, decretada.
— É muito estranho decretarem minha prisão preventiva, enquanto a do Pastor Everaldo, acusado de ser o chefe do esquema da Saúde no estado, inicialmente foi temporária (de cinco dias). Tenho endereço fixo e não represento ameaça à investigação — afirmou.
Também na tarde desta sexta-feira, pouco antes de chegar à polícia, a ex-deputada publicou um vídeo em suas redes sociais, de dentro do carro. "A caminho de mais uma etapa difícil que enfrentarei de cabeça erguida. Não desisti da luta antes, não desistirei agora", escreveu.
Na gravação, apagada do perfil poucas horas depois — quando a ex-deputada já estava presa —, além de afirmar que deve empréstimos ao banco e mensalidades da faculdade da filha, Cristiane Brasil também faz citações ao Pastor Everaldo, líder do PSC, que foi preso, ao governador interino, Cláudio Castro (PSC), e ao governador afastado, Wilson Witzel (PSC).
— O Pastor Everaldo, que agora está sendo acusado de desviar milhões da Saúde no governo do Witzel, que eu tenho certeza que está por trás dessa confusão toda de me prender, até ele, para ser preso, ele foi preso em prisão temporária de cinco dias e depois foram dados mais cinco dias antes de transformar a prisão dele em preventiva. O meu caso, que é de 2013 , que estão tentando me enfiar num imbróglio que é da Fundação Leão XIII, que é do estado, eles já me prenderam em prisão preventiva, para vocês verem como é que a caneta pesou na hora de me dar essa prisão. Isso, faltando dias para a eleição, e vocês não vão me dizer que essa é uma decisão que não tem cunho político? — afirmou em trecho.
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A ex-deputada federal disse ainda que Castro está "muito envolvido" no esquema.
– Mais interessante é que o atual governador em exercício também está muito envolvido nessa história, mas se fossem prendê-lo tinham que prender pelo STJ. Mas para prendê-lo não poderiam prender a gente, então tiraram ele desse pedido de prisão para prender a nós bagrinhos e não prender o atual governador em exercício, poque o STJ negaria o pedido de prisão do atual governador. Isso quer dizer que interessava prender a nós que somos candidatos. É pra favorecer a candidata do ex-governador que foi afastado? Vejo dedo político nessa história.
Procurada, a assessoria de imprensa do Pastor Everaldo e do partido PSC disse que ambos não comentarão as declarações de Cristiane Brasil. Sobre as citações a Witzel e Castro, o governo do estado ainda não respondeu à reportagem.