O aplicativo Salve Maria, desenvolvido pelo governo do Piauí para facilitar denúncias de casos de violência contra a mulher, registrou cerca de 200 downloads em cinco dias, índice considerado elevado pela Agência de Tecnologia da Informação (ATI), que elaborou o aplicativo.
A subsecretária de segurança, delegada Eugênia Villa, associou o crescimento nos downloads do aplicativo à série “Feminicídio”, exibida no Piauí TV 1ª edição esta semana, cujo último episódio foi ao ar nesta sexta-feira (13).
“Terminou a série e deu muito enfoque ao tema, então as pessoas que assistiram devem ter se conscientizado, acredito que é um reflexo dessa série. A TV Clube trouxe pessoas que sofreram a violência, mulheres que conseguiram escapar do feminicídio, pais e mães que perderam familiares. Esses relatos certamente estão influenciando as pessoas a baixarem porque é o sofrimento humano, a palavra de pessoas que sofreram”, disse.
Importante ferramenta no combate à violência doméstica e ao feminicídio, até esta sexta-feira (13). De acordo com os dados da ATI, foram 7.068 downloads e registradas 257 denúncias. O “botão do pânico”, que emite um ponto de localização da ocorrência para a viatura mais próxima, foi acionado 63 vezes. Das ocorrências registradas, 122 foram de violência física, 29 de moral, 28 de psicológica, 14 de sexual e um de patrimonial.
A delegada afirmou que o botão do pânico foi acionado poucas vezes, mas que as polícias civil e militar, e órgãos da justiça estão tendo preparo, em diferentes municípios do Piauí, para o uso efetivo do aplicativo nas denúncias.
“É preciso preparar a polícia para isso. Está aumentando sim o recurso o botão do pânico, mas ainda está abaixo do botão de denúncia. A gente tem acompanhado. Teresina é onde mais se utiliza o botão, mas a gente está percorrendo outras cidades, e quando a gente vai à cidade e capacita, alerta as pessoas, a gente percebe a iniciação do Salve Maria naquele lugar”, citou.
Para além do aspecto jurídico, o combate à cultura do machismo na sociedade é elemento fundamental para combater a violência contra a mulher. A delegada Eugênia Villa disse que, a eficiência do combate à violência contra a mulher é, para além de jurídico, e depende da participação de cada pessoa.
“A gente pensa em atribuir a eficiência da política criminal ao sistema de polícia, Ministério Público e Justiça. No entanto, para prevenir, é preciso mudar uma estrutura. É cultural, então é preciso sair da esfera jurídica e devolver a jurisdição para a sociedade. É preciso preparar a sociedade para ela mesma criar uma cultura de paz e fraternidade. Não vou dizer que é um processo penal que resolve a questão, o processo está preparado para enfrentar a violência, que vai muito além do crime”, concluiu.