Morreu no início da noite deste domingo (7) uma das quatro garotas vítimas do estupro coletivo que aconteceu na cidade de Castelo do Piauí. De acordo com o diretor do Hospital de Urgência de Teresina, Gilberto Albuquerque, a adolescente de 17 anos passou 10 dias internada, cinco destes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu.
Conforme o diretor, a adolescente teve esmagamento da face do lado direito, lesões pelo pescoço e traumatismo torácico. Mesmo após procedimentos cirúrgicos, a equipe médica não conseguiu evitar as complicações em decorrência das hemorragias.
A garota e mais três amigas foram agredidas, violentadas e arremessadas do alto de um penhasco com mais de 10 metros de altura no dia 27 de maio. O crime chocou a população.
Segundo o diretor clínico do hospital, Fábio Marcos de Sousa, antes da retirada da sedação, uma nova cirurgia foi realizada para desobstrução de artérias da região cervical que impedia a oxigenação do cérebro.
“Ela sofreu fraturas extensas na face e uma grave lesão na região do pescoço. Foram feitas algumas cirurgias para conter a lesão e mais uma intervenção ocorreu para impedir o processo de isquemia (redução do fluxo de sangue)”, disse.
A adolescente sofreu um afundamento da face em virtude do espancamento. Ela foi submetida ao procedimento cirúrgico, logo depois precisou de transfusão de sangue por conta de uma hemorragia devido as pancadas no tórax e pescoço.
A complicação do estado de saúde da garota levou centenas de pessoas até o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi), onde fizeram doação de sangue para a vítima.
Sobre o estado de saúde das outras duas garotas que estão internadas no HUT, Gilberto Albuquerque afirmou que elas estão conscientes. Na quarta-feira (3), a outra paciente de 17 anos que também estava na UTI melhorou e os médicos decidiram encaminhá-la para a unidade de cuidados intermediários.
A terceira menina foi transferida para um hospital particular onde passou por uma cirurgia para retirar fragmentos de ossos na cabeça. Segundo informações de uma tia, a jovem permanece internada, pois os médicos querem acompanhar o quadro clínico. A garota está consciente e seu estado de saúde é considerado estável.
Entenda o caso
O crime bárbaro chocou a população da cidade de Castelo do Piauí, a 190 Km de Teresina. Quatro adolescentes foram brutalmente agredidas, estupradas e amarradas no dia 27 de maio.
De acordo com as polícias civil e militar, as garotas teriam saído para tirar fotos em um ponto turístico distante alguns quilômetros da zona urbana, quando foram rendidas por cinco pessoas.
Logo após o crime a polícia apreendeu quatro menores, sendo que dois deles confessaram o crime e contaram, em depoimento, os detalhes sobre a ação criminosa.
As vítimas, duas garotas de 17 anos, uma de 16 e outra de apenas 15 anos foram encontradas algumas horas depois do crime e foram levadas ao hospital de Castelo e logo depois transferidas para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Uma delas está em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva com traumatismo craniano.
No dia do crime, o clima de revolta tomou conta da cidade. Vários populares se aglomeraram na porta da delegacia e chegaram a atear fogo em pneus em protesto pela falta de segurança.
Suspeitos presos
Quatro adolescentes suspeitos de participação no crime foram detidos horas após a barbárie. O quinto suspeito, Adão José de Sousa, 40 anos, foi preso dois dias depois pela Polícia Militar quando tentava entrar na cidade de Campo Maior, a 90 km de Teresina.
Atualmente os quatro menores estão recolhidos no Centro de Internação Provisória de Teresina (CEIP). Eles responderão pelos atos infracionais equivalentes aos crimes de tentativa de feminicídio, associação criminosa e, caso comprovada, pela prática de estupro.
Segundo a polícia, os adolescente deverão pegar a pena máxima prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é de três anos de internação. Já Adão José de Sousa está preso na Penitenciária Provisória de Altos. A previsão é que o julgamento dos menores aconteça ainda esta semana.