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Aos prantos, Pistorius nega cr

Aos prantos, Pistorius nega crime, mas segue preso após 1ª audiência.

Publicada em 19 de Fevereiro de 2013 �s 12h11


 
Oscar Pistorius continua preso. Tido como único suspeito do assassinato de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, o atleta paralímpico participou da audiência pelo pedido de fiança, em Pretória, nesta terça. No entanto, sua defesa não conseguiu apresentar provas suficientes e ele terá de permanecer sob custódia. Nesta quarta-feira, a sessão terá prosseguimento, e seus advogados apresentarão mais evidências na corte.
Entre muitas lágrimas e soluços, o multicampeão viu a acusação apontar o caráter do crime como premeditado, enquanto a defesa afirmou que Pistorius confundiu a namorada, que foi alvejada dentro do banheiro, com um ladrão.
No fim da audiência, o representante de Pistorius leu uma declaração do atleta, que estava aos prantos no tribunal. Ele afirmou ter atirado com a intenção de proteger a si mesmo e a namorada.
- Voltei para a cama e vi que Reeva não estava lá. Foi quando percebi que poderia ser ela lá dentro. Arrombei a porta do banheiro com o taco de críquete e a encontrei jogada no chão. Ela estava viva. Coloquei as próteses. Liguei para os paramédicos e tentei levá-la ao hospital. Tentei salvar Reeva, mas ela morreu nos meus braços. Nada pode estar mais longe da verdade do que eu ter planejado o assassinato da minha namorada. Sou um homem adulto, um cidadão sul-africano e demandante de uma liberação sob fiança. Fiz essa declaração sob minha livre vontade e não fui influenciado. O conteúdo dela é verdadeiro e correto. Não consigo compreender como fui acusado de assassinato. Não tive intenção de matar minha namorada Reeva Steenkamp - disse Pistorius.

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Pistorius chegou cedo ao local, antes das 7h (horário de Pretória). Escoltado por policiais, o atleta usou um capuz para cobrir o rosto e entrou pela porta dos fundos, tentando evitar os muitos flashes disparados pelos fotógrafos.
Na porta do tribunal, representantes da Liga Feminina do Congresso Nacional Africano protestaram contra o atleta com uma placa que dizia: "Pistorius deve apodrecer na cadeia".

O promotor responsável pelo caso, Gerrie Nel, começou o discurso de acusação afirmando que Pistorius atirou em uma mulher inocente e desarmada, que tentou se proteger dentro de um banheiro. Segundo ele, o sul-africano acertou a namorada três vezes através da porta. O atleta, nesse momento, já cobria o rosto com as mãos.

A acusação afirmou que Reeva chegou a se trancar no local, mas não conseguiu se desvencilhar dos tiros. Foram quatro balas, três através da porta, em um crime considerado premeditado. O promotor reiterou que não acredita na hipótese de Pistorius ter confundido Reeva Steenkamp com um ladrão. Segundo ele, essa foi uma estratégia adotada pelo atleta para fugir da culpa pela morte da namorada. A acusação ainda afirmou que a jovem chegou no fim da tarde na casa do medalhista paralímpico, com uma mala para passar a noite.

Ainda pela versão da promotoria, o biamputado Oscar Pistorius levantou-se, colocou suas próteses e andou sete metros para disparar contra a namorada. Questionado se estava acompanhando o raciocínio, o atleta respondeu positivamente, soluçando. O bastão de críquete com sangue, citado pela imprensa sul-africana, que foi encontrado na casa de Pistorius, não foi mencionado pela acusação.

Defesa afirma que atleta não sabia que Reeva estava no banheiro
Na sequência, foi a vez de o advogado de Oscar Pistorius, Barry Roux, ganhar a palavra. De cara, foi questionado o caráter premeditado do crime.
A defesa foi além e afirmou que o episódio não se trata de um assassinato e fez pouco caso do fato de terem encontrado uma mala de Reeva na casa de Pistorius. O advogado mostrou no tribunal alguns casos onde maridos atiraram acidentalmente em mulheres e filhos através de portas fechadas. Roux garantiu que seu cliente quebrou a porta do banheiro para ajudar Reeva após os disparos.
O advogado insistiu que Pistorius não sabia que se tratava de Reeva Steenkamp ao atirar, temendo ser um ladrão. A defesa também negou que o sul-africano tenha colocado as próteses para cometer o crime.

A acusação não comprou a ideia. O promotor Gerrie Neil afirmou que houve uma discussão antes de Pistorius disparar na direção da namorada, mas não mencionou se ela foi gerada pelo suposto SMS do ex-namorado de Reeva, o jogador de rúgbi François Hougaard. A briga teria sido o motivo para Reeva ter se trancado no banheiro.
- Não seria correto da minha parte falar sobre o motivo. Mas podemos dizer que houve um motivo para matar - disse o promotor.
Juiz considera crime premeditado
Após um recesso, o juiz Desmond Nair, responsável pela audidência, afirmou que o promotor Gerrie Nel apresentou fatos objetivos na corte: a mala da modelo, os tiros por trás da porta, a porta quebrada do lado de fora, e o fato de Pistorius ter levado o corpo para o primeiro andar de sua casa. Nair também observou alguns pontos mostrados pela acusação como: por que um ladrão se trancaria no banheiro? Por outro lado, o juiz afirmou que única inferência da promotoria foi que Pistorius colocou a prótese antes de pegar a pistola e atirar contra Reeva.
Nair preferiu não entrar na discussão plena do significado de premeditação e decidiu que o caso de Pistorius está na categoria seis (crimes extremamente graves). A partir daí, a defesa do sul-africano precisava mostrar ''circunstâncias excepcionais'' para conseguir a fiança.
Depois de outro intervalo, o advogado de Pistorius, Barry Reux, optou por questionar a acusação. Ele contestou fatos apresentados antes da audiência e a ausência de testemunhas para confirmar as declarações da promotoria. O advogado também perguntou que provas concluíram que Pistorius colocou suas próteses antes de atirar. O promotor, Gerrie Nel, garantiu que terá todas as respostas nesta quarta-feira.
Declaração emocionada conta versão de Pistorius
Na sequência, Reux leu uma declaração juramentada de Oscar Pistorius, onde o atleta deu sua versão do ocorrido na noite da última quarta-feira. Enquanto o advogado lia, o campeão paralímpico permaneceu de cabeça baixa.
- Sou um homem adulto, um cidadão sul-africano e demandante de uma liberação sob fiança. Fiz essa declaração sob minha livre vontade e não fui influenciado. O conteúdo dela é verdadeiro e correto. Não consigo compreender como fui acusado de assassinato. Descarto um assassinato premeditado porque não tive intenção de matar minha namorada Reeva Steenkamp - afirmou Pistorius, através do advogado.

O atleta afirmou que estava vendo TV, sem suas próteses, enquanto Reeva fazia ioga, por volta das 22h do dia da tragédia. Segundo ele, a modelo havia lhe comprado um presente de dia dos namorados e os dois estavam apaixonados. Enquanto o advogado lia a declaração, Pistorius não conseguia se controlar e chorava aos berros. O juiz teve de pedir para o corredor manter a compostura.
Oscar Pistorius afirmou que no meio da noite acordou para pegar um ventilador e fechar a porta da varanda quando ouviu um barulho no banheiro. Ele achava que Reeva ainda estava na cama e que alguém havia invadido sua casa. Por estar sem suas próteses, o biamputado teria se sentido vulnerável e atirou.
- Já sofri ameaças de morte antes. Por este motivo, guardo uma arma de fogo debaixo da minha cama. Não há trancas na janela do meu banheiro - disse.
Posteriormente, a defesa leu uma declaração de Justin Divaris, definido pela mídia local como o melhor amigo de Pistorius, que garantiu que o atleta estava apaixonado pela modelo. O depoimento de uma amiga de Reeva, classificando o corredor como um cavalheiro, também foi lido.
A audiência foi suspensa após advogado de defesa, Barry Roux, pedir para juntar mais evidências com as perguntas demandadas à promotoria. O juiz Desmond Neil concordou e adiou a audiência para estar quarta-feira. O atleta continua preso.

Tags: Aos prantos, Pistori - Oscar Pistorius

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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