PALM BEACH, Flórida — Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Jair Bolsonaro e Donald Trump, se encontraram para um jantar na noite deste sábado em Mar-a-Lago, resort de propriedade do líder americano em Palm Beach, na Flórida. Em resposta a pergunta de um jornalista americano sobre a possibilidade de os Estados Unidos imporem novas tarifas sobre o aço e o alumínio brasileiros, Trump disse que não fará promessas sobre o assunto.
— Nós temos um relacionamento muito bom. A amizade provavelmente está mais forte agora do que nunca — disse Trump, quando questionado sobre as tarifas. Após o reporter reiterar seu questionamento, o presidente respondeu: — Eu não faço promessas.
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Ainda antes do encontro, Trump disse que Bolsonaro estava fazendo um trabalho fantástico e que "o Brasil o ama, e os Estados Unidos também o amam". Bolsonaro respondeu que havia se inspirado em algumas coisas de Trump, o que levou o americano a dizer que "deu um presente para Bolsonaro".
— Um cara muito especial. Acabou se tornando um grande amigo eu. Eu dei para ele um grande presente. Eu dei para ele um bom presente. — afirmou. — Nós não cobramos tarifas sobre algumas coisas dele. Nós o tornamos muito mais popular.
Ao final da tradução sobre o presente de Trump a Bolsonaro, o presidente brasileiro riu e concordou: "Sim!". Respondendo a elogios de Trump pouco antes do início do jantar, o presidente brasileiro disse:
— Estou muito feliz de estar aqui. É uma honra para mim e para o meu país. Eu tenho certeza que num futuro próximo vai ser muito bom contar com um bom relacionamento de direita.
Na mesa de jantar, estavam sentados ao lado dos presidentes a assessora e filha de Trump, Ivanka Trump, o genro Jared Kushner, o conselheiro de Segurança Nacional, Robert O'Brien, o presidente da Corporação Internacional para o Desenvolvimento das Finanças dos Estados Unidos, Adam Boehler e o diretor para Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mauricio Claver-Carone.
Do lado brasileiro, estavam o chanceler Ernesto Araújo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, e o encarregado de Negócios da embaixada do Brasil em Washington, Nestor Forster.
Chamado informalmente de "Casa Branca de inverno", o resort de Mar-a-Lago, onde os presidentes se encontraram, fica em uma área reservada de Palm Beach, na Flórida, e foi concluído em 1927. Algumas décadas depois, em 1985, foi comprado por Donald Trump por US$ 10 milhões e transformado em um resort de luxo para sócios e seus convidados — o preço básico para se tornar membro é de US$ 200 mil, dando o direito de frequentar as dependências do clube e, eventualmente, esbarrar no presidente, um assíduo frequentador da propriedade.
Desde que assumiu o cargo, em 2017, Trump fez 29 visitas, custando cerca de US$ 133 milhões aos cofres públicos, de acordo com levantamento do site Huffington Post, em fevereiro. Os custos incluem as diárias dos agentes do Serviço Secreto e até a conta deixada pelos assessores do presidente no bar do resort.
Além de suas tacadas no campo de golfe, Trump gosta de receber convidados estrangeiros na propriedade. O primeiro foi o premier japonês Shinzo Abe, ainda em 2017. No mesmo ano, o presidente chinês, Xi Jinping, também ficou hospedado em Mar-a-Lago.
O local onde aconteceu o jantar deste sábado não era uma área reservada aos chefes de Estado. Havia várias outras mesas no mesmo ambiente, ocupadas por hóspedes do resort e frequentadores do restaurante sem relação com a visita presidencial.
O encontro pode ser considerado o ponto alto da viagem do presidente aos EUA, a terceira em pouco mais de um ano no cargo. O encontro começou a ser costurado no ano passado, depois de conversa entre o chanceler Ernesto Araújo e o secretário de Estado, Mike Pompeo, na Colômbia.
Bolsonaro, que é um admirador declarado do republicano, já se reuniu com Trump em sua visita de Estado aos EUA, em março de 2019, e na cúpula do G20 no Japão, em junho do ano passado. Os dois tiveram um breve encontro durante a Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2019, em Nova York, quando o brasileiro disse ao americano: "I love you".