Foi cantando rap em Santos, onde nasceu, que ele virou o "André do Rap". Em 1996, aos 19 anos de idade, ele foi preso pela primeira vez. Ganhou a liberdade 3 anos depois.
André ainda ficou na cadeia entre 2003 e 2006, e em 2008, sempre por tráfico de drogas. A partir de 2010, assumiu um papel de destaque na organização criminosa que atua dentro e fora dos presídios, porque passou a ser um dos responsáveis por coordenar o tráfico internacional de cocaína, a partir do porto de Santos, para Europa.
Resultado desses crimes: duas condenações por tráfico internacional. Juntas, somam mais de 25 anos de prisão.
As condenações foram confirmadas pela Justiça em segunda instância. Mas o traficante só foi para a cadeia em 2019: ficou mais de 5 anos foragido até ser descoberto em uma mansão em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro.
André do Rap chegou na penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau no dia 19 de setembro de 2019. O presídio tem hoje 701 presos - todas da mesma facção paulista que age dentro e fora da cadeia. E todos extremamente perigosos.
André do Rap queria sair dali de toda maneira. Ele usou até a pandemia do novo coronavírus como justificativa. Qual foi então o caminho jurídico que possibilitou a soltura do traficante?
Dois meses depois da prisão dele, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por 6 votos a 5, contra a prisão em segunda instância. Ou seja, ninguém pode ser preso para começar a cumprir pena até o julgamento de todos os recursos possíveis. Antes disso, somente se a prisão for preventiva. Assim, mesmo com duas condenações, André do Rap voltou para a prisão preventiva, e a defesa apresentou nove pedidos de liberdade ao STF, a partir de maio.
É aí que entra o outro ponto de toda essa polêmica. Em dezembro de 2019, o Congresso aprovou e o presidente Jair Bolsonaro sancionou o chamado pacote anticrime. Um dos nove Habeas Corpus pedidos pela defesa de André do Rap trazia justamente o argumento de que a prisão preventiva dele já durava mais de 90 dias, sem uma reavaliação.
O ministro Marco Aurélio, do STF, analisou o caso, e no dia 2 de outubro, decidiu soltar André do Rap, por descumprimento do artigo 316. Com tudo dentro da lei, amparado por uma decisão de um ministro do STF, o traficante voltou para as ruas. O Fantástico de explica em detalhes toda a discussão que ele provocou na mais alta corte do país na última semana, depois de virar centro desta grande polêmica. Veja no vídeo acima.