Como num reality show, o julgamento de Lindemberg Alves seduz o público não apenas pela possibilidade de espiar a intimidade alheia, mas de julgar os envolvidos no caso.
Proibidas as filmagens dentro do tribunal, as equipes de televisão se esmeram em colher depoimentos na rua e em debates no estúdio. Mas há pouca coisa para ver. É mais fácil avaliar e julgar.
Não há, porém, muito mais o que dizer sobre o acusado, cujo crime foi acompanhado exaustivamente à época, ao longo das mais de cem horas em que manteve a jovem Eloá sob cativeiro. Assim, o alvo principal deste julgamento é a advogada de Lindenberg.
Como já ocorreu em outros casos rumorosos, o julgamento ajuda a transformar, de uma para outra, jornalistas em especialistas em direito. Faz parte da profissão. O que é menos comum é ver colegas no papel de magistrados, opinando com segurança sobre o desempenho de Ana Lucia Assad.
Nos programas matinais e vespertinos da TV, o desempenho da advogada de Lindemberg está sendo avaliado por jornalistas com a mesma sem cerimônia que julgam lances polêmicos em partida de futebol.
A advogada está em busca de seus 15 minutos de fama, diz um. Está apenas querendo tumultuar, diz outro. Está desesperada, afirma um terceiro. Mas ela pode mesmo abandonar o julgamento?, indigna-se um quarto.
Fosse colocada num paredão do “BBB”, Ana Lucia Assad seria eliminada com larga margem de votos. Virou a vilã do julgamento. Está sendo hostilizada pelo público – o mesmo que xinga ator que interpreta vilão em novela. Um espetáculo.