Acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro pela Operação Lava Jato, o empresário Eike Batista, presidente do grupo EBX, afirmou nesta quarta-feira (29), em depoimento no Senado à CPI do BNDES, que o Ministério Público faz um trabalho “excelente”, mas que revoluções “cometem alguns erros”.
A declaração foi dada após Eike ser questionado pelo senador Lasier Martins (PSD-RS) sobre o motivo de o empresário ter sido preso pela Operação Eficiência, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.
A CPI do BNDES investiga supostas irregularidades em empréstimos do BNDES a empresas. Eike foi convocado a depor porque, segundo a comissão, projetos de suas empresas receberam aportes de R$ 10 bilhões do banco público.
Atualmente, o empresário cumpre, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), recolhimento domiciliar noturno. Ou seja, precisa ficar em casa durante a noite, aos feriados e nos fins de semana.
Dois doleiros disseram que Eike pagou US$ 16,5 milhões (correspondentes a R$ 52 milhões) em propinas ao ex-governador Sérgio Cabral em troca de contratos com o governo do Rio de Janeiro.
“Eu, como brasileiro, acho que o que está sendo feito, em termos de esclarecimento, o Ministério Público, acho que tudo isso é excelente. Meus filhos são brasileiros, estamos aqui querendo ver o futuro. Então, estou prestando esclarecimentos e acho que o trabalho que está sendo feito está correto, mas, muitas vezes, esse processo, revoluções fazem, cometem alguns erros, acontece”, ironizou Eike.
Em seguida, os integrantes da CPI questionaram se o empresário admitia que tinha cometido erros. Ele negou, mas antes de desenvolver o raciocínio, foi interrompido pelo advogado e preferiu não continuar a resposta.
Influência política no BNDES
Em meio ao depoimento aos senadores, o empresário do Rio disse que, na opinião dele, há influência política nas decisões do BNDES. Ele se referiu especificamente a investimentos do banco de fomento em projetos de estaleiros.
“Especificamente na área dos estaleiros, era muito mais uma decisão política do que técnica. Porque, [se fosse] técnica, eles iam bloquear”, declarou.
O empresário confirmou que recebeu empréstimos nesses valores, mas disse que todos os empréstimos tinham garantias, inclusive de bancos privados, e por isso não considera que tenha sido beneficiado. Os projetos, como o Porto do Açu (RJ), na avaliação do empresário, eram importantes para o país.
Eike disse ainda que fez “apostas erradas” em exploração de petróleo, o que o fez acumular dívidas. Para quitá-las, o empresário afirmou que teve de vender empresas.
Ele afirmou que, talvez tenha falhado, em não ter comparecido mais em Brasília para convencer governos de seus projetos.
"Eu devia ter vindo talvez mais vezes aqui a Brasília. Não sou um rato político. A família nunca foi. Nós criamos projetos para o Brasil. Eu sou um filhote do Brasil e não de nenhum partido. Eu estou aqui para criar projetos."
Durante o depoimento, Eike foi indagado sobre se havia feito doações a campanha do PT a pedido do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Ele confirmou, mas disse que a doação foi lícita e não visava a contrapartidas. “Queria que enxergassem a importância estratégica dos projetos que tentei”, disse.