Aniversariante do dia, o Albertão não vive seus maiores dias de glória. Nestes 50 anos de existência (contando os cinco primeiros em que a obra ainda estava sendo concluída), o estádio passou por reformas pontuais, mas nunca uma revitalização geral. Isso somado à ausência de jogos com grande apelo de público levou a uma deterioração da maior praça esportiva do Piauí.
Atualmente, o governo do estado, responsável pela administração do Albertão, trabalha com a ideia de ceder a administração do estádio em uma Parceria Público-Privada. No momento atual do projeto estão sendo realizados estudos de engenharia, econômico-financeiro, ambiental e jurídico, para que se determine o valor inicial de investimento da empresa que vier a vencer a licitação. Segundo o cronograma, a expectativa é que o processo licitatório seja iniciado em setembro e as reformas nos primeiros meses de 2024.
A empresa vencedora deverá apresentar o projeto das intervenções a serem feitas no estádio. Antes disso, o ge foi buscar referências de possibilidades do que pode ser feito para que o Albertão seja melhor utilizado no futuro, o que inclui, além do futebol, outros usos que o aproximem da comunidade que vive nos bairros vizinhos.
Eventos, museu, federações, quadras e até escola
O arquiteto Jefferson Silva graduou-se na Universidade Federal do Piauí e apresentou como trabalho de conclusão de curso uma proposta de requalificação para o Albertão. Analisando a situação da praça esportiva, identificou problemas como a má-conservação, a pouca diversidade de usos e o isolamento dos moradores.
- Eu morava perto do Albertão, dava para ver da janela do meu apartamento, e criei um apego com o River-PI. Quando estava na universidade, nos últimos anos estava estagiando em um escritório que fez um projeto de reurbanização na Vila da Paz, e eu sempre passando lá e olhando o Albertão, até que me veio o estalo. Queria algo que juntasse o futebol com essa melhoria urbanística. No bairro quase não tinha quadras e espaços de lazer, e é uma área muito populosa. O maior equipamento de esporte do estado não funcionava para aquelas pessoas – comentou.
Jefferson explica que uma grande reforma no Albertão envolveria mudanças principalmente no entorno, para torná-lo mais atrativo. No projeto, a área em volta do Albertão seria arborizada e ocupada por estacionamento, área de feiras e eventos, pista de cooper, ciclovia e quadras esportivas.
- Bato muito na tecla da urbanização do entorno, com equipamentos esportivos para a comunidade. Vai favorecer não só eles, mas como o próprio Albertão em si. A partir do momento que a comunidade deixa de ver ele como problema mas como algo ligado a oportunidade, ele passa a ser melhor cuidado. Até a segurança aumenta – explicou.
Mas o prédio também receberia aprimoramento, principalmente visando a ocupação de áreas ociosas. Assim, além das instalações para torcida, jogadores, comissões técnicas e arbitragem, no projeto de Jefferson o Albertão receberia a sede de federações esportivas, um centro comercial, o museu do futebol piauiense bares, restaurantes, lanchonetes, espaço para esporte in-door e até um centro educacional, que poderia atender às crianças e adolescentes dos bairros vizinhos.
(No projeto) Deu para fazer tudo que a FIFA exige e mais coisas. Não é preciso construir nada mais, é só utilizar o que já existe"
— Jefferson Silva, arquiteto e urbanista
Há um ponto que o arquiteto considera um desafio. O acesso a maioria dos setores do Albertão se dá por escadas. Embora o estádio tenha uma área específica destinada a pessoas com mobilidade reduzida, ele defende que este não é o modelo mais adequado em termos de acessibilidade.
- A maior questão (em uma reforma) seria a acessibilidade O ideal hoje em dia é colocar espaços em cada setor onde a PcD possa se acomodar, ser o mais integrado possível. Ter liberdade para assistir de onde ela quiser – disse.
Apesar desse e outros tantos desafios, a esperança da torcida piauiense e dos que moram próximo ao Albertão é que o estádio deixe de ser um gigante adormecido e tenha de fato sua redenção, fazendo jus ao nome de maior praça esportiva do estado e atendendo a toda Teresina, em dia de jogo ou não.