O 1º Seminário da Agricultura Familiar do Território dos Cocais foi realizado nessa sexta-feira (26), na cidade de Piracuruca, com a presença de representantes de unidades produtivas familiares, de sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais e colégios agrícolas de vários municípios desse território. O evento foi promovido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Diretoria do Crédito Fundiário-PI, em parceria com o Centro de Educação Ambiental e Assessoria (CEAA).
A superintendente da Agricultura Familiar da SDR, Patrícia Vasconcelos, e o diretor de Combate à Pobreza Rural, Francisco das Chagas, também estiveram presentes no evento.
O seminário teve como objetivo promover um momento de troca de informações e experiências entre produtores da agricultura familiar, representantes do Estado e técnicos da área. O evento começou com a abertura da Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Território dos Cocais, acompanhada de atrações musicais e de dança.
Em seguida, o “Sofá Participativo” apresentou discussões sobre os eixos de organização e gestão associativa; recuperação produtiva e ambiental, além de articulação e implementação de políticas públicas. Também teve um momento de apresentação de experiência exitosa do projeto ATER Sustentabilidade. Ao final, a realização da “Cirandas das Comunidades” para avaliação dos temas abordados.
O secretário da SDR, Francisco Limma, ressaltou melhorias adquiridas pela agricultura familiar nos últimos anos. “Quem não lembra como vivia a maioria das comunidades rurais do Piauí em meados de 2002? Eram mais de um milhão de pessoas que não tinham água encanada. Naquela época, dos 224 municípios piauienses, apenas 66 eram interligados com asfalto. Uma enorme quantidade de pessoas não tinha terra, nem acesso a crédito e nem a uma renda complementar. Muitos passos à frente foram dados de 2004 para cá na agricultura familiar”, destacou o gestor.
Limma ressaltou a importância do evento por proporcionar uma interação entre produtores e técnicos e, com isso, a troca experiências entre os produtores e técnicos e vice-versa. “O conhecimento é como uma avenida de mão dupla: ele vai e vem”, comentou o secretário.
Exemplo
Luísa Pereira do Nascimento Rodrigues tem 55 anos e é presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais da Unidade Produtiva Braço Forte, em Piripiri, onde divide o dia a dia com outras 16 famílias. Produtora de milho, feijão, mandioca, Luísa tem duas filhas adultas que seguiram os passos da mãe e também vivem da agricultura familiar. A matriarca, assim como as filhas e as outras famílias da Unidade Produtiva Familar Braço Forte, vendem seus produtos na própria região e também feiras de outros municípios.
A presidente da Associação Braço Forte já participou do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), vendendo seus produtos para escolas e instituições de assistência social. Por conta de um grave acidente de carro não participa, atualmente, mas pretende voltar assim que a saúde permitir. “Eu nasci e me criei na roça. Desde os dez anos de idade, eu e meus irmãos passamos a acompanhar meus pais na roça. Éramos 13 irmãos e, naquela época, não tínhamos nenhuma ajuda do governo como o Bolsa Família e nenhuma facilidade de adquirir terra para plantio. Só em 2004 nós conseguimos nossa terra de Unidade Produtiva Familiar, por meio do programa Crédito Fundiário, para continuarmos sobrevivendo da agricultura familiar. Poso dizer de peito aberto, que nossa unidade foi a primeira no Piauí a pagar a terra. Graças a esse programa, hoje temos nosso próprio chão e quitado”, revelou Luísa Pereira.
Sobre o seminário, ela aprovou a iniciativa, “por ser um momento onde recebemos orientação, esclarecimentos e direcionamento sobre nossas atividades produtivas”.
“Tem gente que tem vergonha de dizer que é assentado. Eu não! Tenho muito orgulho de ser assentada, porque eu sempre trabalhei na terra e é o que eu amo. Só estudei por cinco anos na minha juventude, mas o meu diploma, o mais importante de todos pra mim, é o de fazer parte da agricultura familiar, porque é dali que tiro o meu sustento e o da minha família; e é maravilhoso você entrar no seu quintal e poder comer produtos naturais e livres de agrotóxico. Isso é uma coisa que não tem preço”, finalizou a produtora.