Sob intenso protesto de funcionários, o presidente da Agespisa, Raimundo Neto, explicou que a empresa tem um déficit de R$ 1 bilhão e apresentou argumentos para justificar a falência da capacidade de investimentos da Agespisa em Teresina.
Durante a entrevista coletiva, o gestor afirmou que a intenção do governo é discutir em audiência pública a concessão dos serviços de abastecimento e saneamento de 30% de Teresina a uma empresa privada que será escolhida através de processo licitatório.
Segundo o presidente, a empresa ficará responsável pela implantação, operação e manutenção dos sistemas de água e esgoto nas regiões da Santa Maria da Codipi, Grande Dirceu e outros bairros das zonas Norte e Sudeste.
Raimundo Neto deixou claro que não será feita privatização porque a Agespisa não venderá seus ativos. "É uma subdelegação de serviços porque a empresa não tem condições de cumprir o contrato de concessão firmado com a prefeitura de Teresina este ano. Nós necessitamos de investimento, porque nossos irmãos da periferia continuam sem água e esgoto a 160 anos, desde a fundação da cidade", argumentou.
O Sindicato dos Urbanitários fez manifestação durante toda a entrevista, exigindo a saída imediata do presidente, que já entregou o cargo ao governador Wilson Martins (PSB).
Ainda segundo o presidente, a concessão dos serviços será num prazo de 35 anos, voltando, depois desse prazo, ao poder da empresa.
Demissões em massa
Antes do início da entrevista coletiva na qual o presidente da Agespisa, Raimundo Neto, anunciará modificações no sistema de abastecimento de água de Teresina, o Sindicato dos Urbanitários faz um protesto na porta da empresa e denuncia o temor de demissão em massa com a "privatização" de 60% dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário na capital.
Segundo o sindicato, o serviço que a empresa faz atualmente será repassado para uma empresa privada, que ficará responsável pelas zonas Leste, Norte e Sudeste de Teresina. O contrato com essa empresa seria firmado por um período de 35 anos.
A revista Cidade Verde divulgou matéria na última semana sobre o assunto, ressaltando que, com o contrato, haverá aumento da receita operacional em 20% já no ano de 2013, quando deveriam ser investidos R$ 11 milhões em abastecimento e R$ 51,7 milhões em esgotamento. As perdas totais por desperdício cairiam para 41% até 2016. No mesmo ano, 98% da população estaria atendida com água tratada.
“A ideia é que a iniciativa privada ingresse com investimentos nas regiões mais populosas que ainda não possuem coleta e tratamento de esgoto: Dirceu (zona Sudeste), Piçarreira (zona Leste) e Santa Maria da Codipi (zona Norte). Nessas áreas, a empresa contratada ficaria responsável também pela distribuição de água. A tarifa paga pelo consumidor deve continuar inalterada”, destacou a reportagem.