Alianças políticas costuradas nos últimos dias obrigarão a presidente Dilma Rousseff a dividir com seus principais adversários na corrida presidencial o apoio dos dois maiores palanques montados para as eleições deste ano no terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro. No domingo (22), o senador mineiro Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República, fechou acordo com o PMDB do Riopara entrar na chapa do governador Luiz Fernando Pezão, um eleitor declarado de Dilma, que concorre à reeleição com o apoio do PMDB. saiba mais Dilma recorre a propostas antigas para se opor a Aécio PT lança candidatura de Dilma e tenta repetir fórmula vitoriosa de 2010 Somente 25% dos jovens com 16 e 17 anos tiraram título de eleitor Um quarto da população não tem interesse nas eleições, diz pesquisa Dilma afaga dissidentes do PMDB com cargo na Caixa Leia mais sobre Eleições 2014 O acordo foi fechado no apartamento de Aécio no Rio, com a presença de Pezão e seu padrinho político, o ex-governador Sérgio Cabral. O apoio do PSDB garantirá a Pezão mais tempo para fazer propaganda no rádio e na televisão e a Aécio, estrutura para fazer campanha no Rio. O acerto deverá ser anunciado nesta segunda-feira (23) por Pezão e pelo presidente do diretório estadual do PMDB, Jorge Picciani, principal mentor da aproximação com Aécio. No início de junho, ele reuniu 1.500 pessoas num ato de apoio ao presidenciável tucano no Rio. Com o PSDB a seu lado, Pezão ampliará de 9 minutos para cerca de 12 minutos o tempo de sua coligação em cada bloco de 25 minutos de propaganda no horário eleitoral, que começa em agosto. O acordo com o PMDB é o segundo golpe sofrido pela base governista no Rio em poucos dias. Na sexta (20), o PSB do ex-governador Eduardo Campos, outro rival de Dilma na eleição presidencial, selou aliança com o candidato do PT ao governo estadual, o senador Lindbergh Farias. As duas alianças enfraquecem a campanha de Dilma, reduzindo o empenho que os candidatos dos dois maiores partidos da base governista poderiam ter na campanha da presidente se não tivessem se unido a seus adversários. Embora a cúpula do PMDB esteja comprometida com a candidatura de Dilma à reeleição, o partido se distanciou do PT em vários Estados, num sinal do desconforto que a longa parceria com os petistas causa nas bases do partido. O acordo de Pezão com Aécio abriu espaço na chapa do PMDB para outro adversário dos petistas, o vereador e ex-prefeito César Maia (DEM), que deverá concorrer ao Senado no lugar do ex-governador Cabral, que deixou o cargo com a popularidade em baixa e agora desistiu da disputa.Com a aliança de Campos e Lindbergh Faria, o candidato da chapa petista ao Senado será o deputado e ex-jogador de futebol Romário (PSB), que já declarou que não votará em Dilma parapresidente. Contrário à aliança do PMDB com os tucanos e defensor do alinhamento com o governo federal, mas minoritário dentro do partido, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), divulgou nota em que classificou o acordo como um "bacanal eleitoral". "O conjunto de avanços que o Rio e a população vêm colhendo nos últimos anos é resultado de uma soma de forças políticas que têm trabalhado de maneira coerente", afirmou Paes na nota. Ele fez referência a declaração anterior do deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que na semana passada chamou de "suruba" a aliança feita por Campos com Lindbergh. "Depois da suruba, o que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima dele", disse Paes. Editoria de Arte/Folhapress