Aécio Neves, Dilma Rousseff e Eduardo Campos: faça o que eu digo, não faça o que eu faço
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A presidente Dilma Rousseff (PT) arrecadou no primeiro mês de sua campanha pela reeleição 35% a menos do que havia conseguido em doações no mesmo período da disputa de 2010. De acordo com a prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela recebeu R$ 9,6 milhões este ano contra R$ 14,76 milhões (em valores atualizados pelo índice oficial de inflação) quatro anos atrás, quando se elegeu para suceder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato tucano à Presidência, senador Aécio Neves (MG), foi o que mais arrecadou neste primeiro mês, entre os principais presidenciáveis. A sua campanha informou ter obtido entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões. O valor representa mais do que o dobro recebido no mesmo período, em 2010, pelo então candidato tucano, José Serra: R$ 4,7 milhões. saiba mais Aécio promete plano tributário específico para o Nordeste TJ nega recurso do PT para excluir deputado-bomba Campos aposta em chapão com 21 partidos para consolidar votos em sua terra natal Gastos com campanhas crescem 382% em 20 anos Aliado de Paes declara ter R$ 100 mil guardados em casa Leia mais sobre Eleições 2014
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O candidato do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, também conseguiu mais recursos do que a vice de sua chapa, a ex-senadora Marina Silva, obteve no mesmo período da eleição passada, quando ela disputou a Presidência pelo PV. Campos arrecadou em julho R$ 8,2 milhões — 39% a mais do que os R$ 5,9 milhões de Marina em 2010. O candidato do PSB conseguiu ainda fechar o primeiro mês com um saldo em caixa de R$ 3 milhões, já que fez gastos de R$ 5,2 milhões no mês de junho.
NOMES DE DOADORES NÃO SÃO INFORMADOS
As três campanhas não informaram a relação de empresas e pessoas físicas que contribuíram com as campanhas até o momento, nem a lista de prestadores de serviços.
Vence neste sábado o prazo para todos os candidatos entregarem à Justiça Eleitoral a primeira prestação de contas. Além de um balanço financeiro da receita e despesa, eles precisarão apresentar a lista de doadores e fornecedores. Trata-se de uma nova regra criada em 2011. Até o pleito de 2010, a identidade das empresas e pessoas que contribuíram com os candidatos somente era fornecida à Justiça Eleitoral na prestação final de contas após a eleição. No início de setembro, as campanhas terão que entregar um outro balanço financeiro parcial.
As quantias recebidas pelos três principais presidenciáveis até agora representam uma fatia muito pequena das estimativas totais de arrecadação apresentadas por eles no momento da registro da candidaturas — entre 3% e 5%. Dilma apresentou como teto de gastos R$ 298 milhões, quantia próximo dos R$ 290 milhões de Aécio. Campos acredita que gastará, no máximo, R$ 150 milhões.
Do total obtido pela campanha à reeleição da petista, R$ 8,6 milhões foram doados por pessoas jurídicas e R$ 1 milhão, por partidos da coligação. A campanha petista declarou despesas de R$ 86,3 mil nesse período. Os gastos com pessoal referentes a julho só serão apresentados na próxima prestação de contas, em agosto.
PETISTA ALEGA "DIFICULDADE OPERACIONAL"
Um dos coordenadores estaduais da campanha da presidente Dilma, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), negou que a queda na arrecadação seja devido à insatisfação do empresariado e do mercado financeiro com Dilma:
— De jeito nenhum, a campanha começou a se estruturar muito tarde. Não tem má vontade. É muito mais uma dificuldade operacional do que algum tipo de rejeição — disse o senador.
Os empresários e o mercado financeiro vêm reclamando de falta de diálogo com o governo, a quem consideram intervencionista, por causa de episódios como a ação do Palácio do Planalto para baixar a tarifa de energia. O clima piorou esta semana, com a reação do governo a uma análise feita pelo banco Santander de que a subida de Dilma nas pesquisas poderia afetar negativamente indicadores econômicos. Dilma considerou o episódio inadmissível; o banco pediu desculpas e demitiu uma funcionária.
O PSDB comemorou esses valores parciais:
— Esses bons números não deixam de ser um sinal positivo, de confiança na nossa candidatura como alternativa viável ao projeto de poder falido do PT. Estamos caminhando bem dentro do que foi planejado — afirmou Aécio.
Na campanha de Campos, o total de recursos arrecadados também foi motivo de celebração. O baixo desempenho de Campos nas pesquisas eleitorais havia posto em dúvida a capacidade de o candidato se apresentar como alternativa viável diante dos doadores.
— Está dentro do que esperávamos. Temos sido bem recebido pelos doadores — disse Henrique Costa, tesoureiro da campanha do PSB.