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Advogados de Bola e Macarrão..

Advogados de Bola e Macarrão abandonam júri do caso Eliza Samudio.

Publicada em 19 de Novembro de 2012 �s 16h00


 Os advogados de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, e de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, abandonaram o julgamento do caso Eliza Samudio no início da tarde desta segunda-feira (19), primeiro dia do júri.

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O advogado Ércio Quaresma, um dos defensores de Bola, argumentou que o tempo de 20 minutos para cada defesa apresentar seus questionamentos preliminares, concedido pela juíza Marixa Fabiane, não era suficiente.



Os outros advogados de Bola, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Zanone de Oliveira Júnior --além de três assistentes--, acompanharam Quaresma, assim como os três defensores de Macarrão, Leonardo Cristiano Diniz, Bruno Oliveira Gusmão e Sandro Renato Constant de Oliveira.

“Não temos a menor condição de trabalhar em um julgamento em que a defesa é cerceada já no prólogo, que dirá no epílogo”, disse Quaresma, questionando o tempo dado pela juíza para os questionamentos preliminares da defesa.

Antes de definir com os advogados a saída do caso, Quaresma chegou a apresentar alguns questionamentos, mas acabou cumprindo a promessa feita logo após o anúncio da juíza e abandonou o júri.

Ao dizer que 20 minutos não eram suficientes, Quaresma afirmou que não iria se "subjugar a aberração jurídica.” Em seguida, pediu para conversar em particular com seu cliente, Bola, para orientá-lo a não aceitar a nomeação de um defensor público para defendê-lo --quando um advogado abandona o julgamento, um defensor necessariamente precisa ser nomeado.

“Se a defesa mantiver essa postura, declararei os réus indefesos”, disse a juíza. Marixa, então, avisou aos defensores públicos que provavelmente teria que contar com o trabalho deles na defesa dos réus.

A juíza argumentou que 20 minutos eram suficientes para os questionamentos e que o mesmo tempo é dado para as defesas durante as alegações finais.

Rui Pimenta, advogado do goleiro Bruno, disse não concordar com os advogados que, ao abandonarem o júri, tentam suspender o julgamento.

Ele afirmou que a juíza concedeu mais 10 minutos para os questionamentos preliminares da defesa, o que seria razoável. "Tem que ter razoabilidade, tem que ter bom senso para essas questões."

Para Pimenta, o ideal seria que as reclamações dos advogados constassem da ata do julgamento, o que poderia se tornar um trunfo da defesa dos réus em caso de condenação. "Essas questões vão servir de argumento para anular o júri."

Pimenta disse também que não concorda com a suspensão do júri porque Bruno já está preso há muito tempo.

Jurados dispensados
Quaresma já havia tido uma divergência com a juíza após a dispensa dos sete jurados que participaram, no início de novembro, do júri que absolveu Bola pela morte de um agente penitenciário, em 2000.

Os sete estavam entre os 25 jurados que se voluntariaram para participar do Tribunal do Júri de Contagem neste mês e, portanto, seriam incluídos no sorteio dos sete jurados do caso Eliza.

A juíza Marixa já havia dispensado os jurados, mas o advogado de Bola, Ércio Quaresma, afirmou que iria recorrer da decisão nos tribunais superiores, o que poderia suspender o julgamento ou até mesmo cancelá-lo, dependendo da decisão dos tribunais.

Para Quaresma, os dois julgamentos são “totalmente distintos”. “São processos jurídicos totalmente distintos, não afeta a isenção dos jurados.”

A juíza, então, decidiu consultar os jurados sobre a participação no julgamento. “Consulto os senhores se existe algum constrangimento em participar deste júri”, indagou a magistrada. Seis dos jurados ergueram as mãos e pediram dispensa. O sétimo já havia sido dispensado por questões de saúde.

Entenda
O desaparecimento de Eliza Samudio provavelmente teria entrado para a crônica policial como mais um caso anônimo, sem corpo nem solução, se não tivesse entre os acusados um personagem que imediatamente chamou a atenção do público em todo o Brasil: Bruno de Souza Fernandes, 27, então goleiro titular e capitão da equipe principal de futebol do Flamengo, do Rio.

Desde que o nome de Bruno emergiu como o principal suspeito pelo sumiço de Eliza, foi desfraldado um enredo --ainda inacabado-- repleto de reviravoltas, declarações polêmicas, versões fantasiosas e pistas falsas. A morte também provoca perguntas, por enquanto sem respostas: Bruno mandou matar Eliza? Onde está o corpo? Eliza pode estar viva?

Com o julgamento, Bruno e quatro réus presenciam versões do caso --e de fatos a ele relacionados-- narradas por advogados e testemunhas. Ao cabo de duas semanas, tempo previsto de duração dos trabalhos, sete jurados definirão se os cinco réus são culpados ou inocentes.

O desaparecimento de Eliza
A paranaense Eliza Silva Samudio tinha 25 anos em junho de 2010, quando, segundo relatos de amigos, saiu do Rio de Janeiro, onde morava, e foi para Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, para conversar com o goleiro Bruno, pai de seu filho, então um bebê de apenas quatro meses. O atleta estava em compromisso pelo Flamengo, mas iria logo depois.

Bruno mantinha um sítio na cidade mineira, onde costumava descansar e reunir amigos. Revelado pelo Atlético Mineiro em 2005, o goleiro estava no Flamengo e morava no Rio desde 2006. Foi no Rio que Bruno começou a se relacionar com Eliza, no início de 2009. Cerca de um ano depois, em fevereiro de 2010, eles tiveram um filho.

Amigos contam que o relacionamento entre os dois havia “azedado” logo que Eliza soube que estava grávida. Eles relatam que Bruno e Eliza brigavam muito, e o goleiro a teria agredido e obrigado a tomar remédios abortivos quando soube da gravidez. A pedido dele, Eliza teria ido ao sítio de Minas para tentar chegar a um acordo sobre a paternidade da criança. Foi e não voltou, dizem.

Investigação e “revelação”
Conforme a investigação, cerca de três semanas após Eliza ter sido levada para Minas, um telefonema anônimo para o Disque Denúncia (181) informou que ela havia sido agredida e morta no sítio do goleiro em Esmeraldas. Imediatamente a polícia conseguiu um mandado de busca e apreensão e seguiu para o local, onde fez buscas e encontrou roupas de mulher, fraldas e objetos de criança.

Mas foi no Rio que o caso “explodiu”, no início de julho, quando a polícia encontrou, na casa do goleiro, em um condomínio fechado no Recreio dos Bandeirantes, um adolescente de 17 anos, primo do goleiro, que afirmou ter participado do sequestro de Eliza. Segundo depoimento do menor, ele e Luiz Henrique Romão, o “Macarrão”, levaram Eliza e o bebê para o sítio em Esmeraldas.

Em seguida, de acordo com o adolescente, ela foi levada a Vespasiano, para a casa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", acusado de ser o executor do crime. Lá, Eliza teria sido amarrada, estrangulada e esquartejada, e partes do corpo teriam sido jogadas a cães da raça rottweiler, que as comeram. O bebê não estava junto, havia ficado 40 km para trás, no sítio em Esmeraldas, sob os cuidados da mulher de Bruno, Dayanne Souza.

No dia seguinte ao depoimento do menor, a Justiça de Minas Gerais pediu a prisão preventiva de Bruno e mais oito pessoas, todas suspeitas de participarem direta ou indiretamente do crime: Bruno, Macarrão, Bola (suspeito de matar Eliza), Dayanne, Fernanda Castro (amante de Bruno), Elenilson Vítor da Silva (caseiro do sítio), Flávio Caetano de Araújo (amigo), Wemerson Marques de Souza (amigo) e Sérgio Rosa Salles (primo de Bruno). Os cinco primeiros começam a ser julgados hoje. Dos demais, um foi assassinado (Sérgio), um não foi pronunciado por falta de provas (Flávio) e dois serão julgados em data a ser definida.

O menor que contou tudo à polícia hoje é maior. Jorge Rosa foi condenado pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Contagem a cumprir medida socioeducativa por envolvimento no caso. As informações de Rosa serviram de base para as investigações da polícia. Porém, após apontar Bruno, Bola e Macarrão como os autores do crime, ele voltou atrás e negou a versão. Atualmente, faz parte de programa de proteção de testemunhas do governo de Minas Gerais.

Morte
Desde as prisões, em agosto de 2010, novos fatos surgiram, ora ajudando, ora embaralhando as investigações do que pode ter acontecido com Eliza em Minas Gerais. Dezenas de testemunhas foram ouvidas, delegadas foram afastadas do caso, acusados disseram ter sido agredidos ou passaram mal na prisão, e peritos chegaram a desqualificar provas colhidas durante o inquérito. Morte e tentativas de homicídio, além de lista de marcados para morrer, também estiveram presentes nesses dois anos. Um dos réus, Sérgio Salles aguardava o júri em liberdade e foi assassinado quando ia para o trabalho, em Minas Gerais.

Ainda nesse período, uma juíza foi acusada de tentar extorquir Bruno para livrá-lo da cadeia, um suposto plano para matar outra juíza e um deputado foi descoberto, uma série de TV contando o caso quase foi impedida de ir ao ar e uma carta anônima chegou ao estúdio de um programa de rádio indicando o local exato de onde estaria o corpo de Eliza. Mesmo tendo sido revelado em sonho, o lugar indicado foi visitado pela polícia, que não encontrou nada por lá. A última revelação foi dada pelo padrasto de Eliza, para quem a enteada está viva.

A criança
Pivô involuntário do desaparecimento da mãe, o filho de Eliza e Bruno tem atualmente dois anos e oito meses e vive em Mato Grosso do Sul com a avó materna, que ganhou na Justiça o direito de criá-lo, depois de uma pendenga judicial com o avô, que também queria o menino.

Nesta segunda-feira (19), a mãe de Eliza, Sônia de Fátima Moura, afirmou ao UOL que Bruninho pergunta muito pela mãe. A avó diz que já explicou ao menino que a mãe morreu e não vai voltar.

Condenado ou absolvido, Bruno já declarou que não pretende brigar pela guarda do filho, cuja paternidade foi atribuída a ele pela Justiça do Rio de Janeiro em julho deste ano. Seu maior sonho é disputar a Copa do Mundo de 2014 como titular da seleção brasileira e dar o título ao país defendendo um pênalti cobrado pelo argentino Messi na final.
Tags: Advogados de Bola - Os advogados

Fonte: uol �|� Publicado por: Da Redação
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