O advogado criminal Leonardo Queiroz disse nesta sexta-feira (28) ter sofrido agressão e abuso de autoridade por parte do delegado Anchieta Pontes na Central de Flagrantes de Teresina. A delegada Ana Luisa Marques, coordenadora da Central, informou que os excessos do delegado foram cometidos por conta da postura do advogado. Anchieta Pontes não foi encontrado para comentar o caso.
Leonardo Queiroz contou ao G1 que foi à Central para acompanhar o procedimento de um cliente, mas teria sido impedido de participar. “Ele disse que eu só poderia acompanhar o depoimento e se exaltou, se achou no direito de me expulsar. Eu me neguei a sair e ele partiu pra cima de mim, tentou me tirar à força da sala e rasgou a minha camisa”, disse.
Segundo a coordenadora da Central, a situação foi relatada pela guarnição da Polícia Militar que acompanhava o procedimento e informou que o advogado teria se exaltado.
"O advogado estava insistindo em participar durante o depoimento das vítimas e o delegado advertiu que não seria possível, pois era a vítima que estava sendo ouvida. Segundo o delegado, o advogado insistiu bastante ao ponto dele pedir que a saída da sala. Eles discutiram e brigaram", detalhou
Ainda conforme o advogado houve uma suposta ameaça por parte do delegado, que teria tentado intimidá-lo pondo a mão na arma que portava. "O delegado me deu voz de prisão por desacato e eu dei voz de prisão nele por abuso de autoridade", falou Leonardo.
Para o advogado Luiz Alberto, membro da comissão de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Piauí, o delegado se desequilibrou emocionalmente ao cometer o suposto abuso de autoridade.
“A OAB vai tomar as medidas cabíveis e possíveis para que o delegado responda pelos seus atos. Ele não pode portar uma arma já que demonstrou desequilíbrio emocional e psicológico, podendo utilizar a arma quando for confrontado em qualquer situação”, destacou.
Representantes de diversos departamentos da OAB e da Associação dos advogados criminalistas do Piauí compareceram à Central de flagrantes. A Delegacia Geral enviou o delegado Carlos André para atuar no caso. O G1procurou o delegado envolvido na polêmica mas não conseguiu contato.
A delegada Ana Luiza explicou que o advogado somente tem autorização para se manifestar quando o autor do fato é ouvido, no entanto, neste caso quem estava prestando depoimento era a vítima.
A corregedoria da Polícia Civil instaurou um procedimento para apurar se houve excesso na postura do delegado, da mesma forma que será investigada a postura do advogado. "O delegado da corregedoria vai abrir dois procedimentos porque os dois se excederam", declarou Ana Luiza.