O advogado criminalista José Gerardo Grossi, que ofereceu um emprego a José Dirceu em seu escritório, divulgou nota nesta terça-feira (13) com duras críticas ao veto do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, à autorização de trabalho externo ao petista.
"Não vou bater-boca com o Min. Joaquim Barbosa.
A visão de justiça penal dele, é torquemadesca, ultramontana; a minha, ao contrário, se aproxima mais dos ensinamentos dos Professores Eugênio Raúl Zaffaroni e Nilo Batista. Houvesse de escolher entre Tomás Torquemada e o bom Juiz Magnaud, certamente ficava com este. A interlocução é impossível.
Lamento que S. Exa., o Min. Barbosa, tenha confundido um ato de generosidade, a meu sentir compatível com a lei, com uma “action de complaisance entre copains”.
Logo ele que, já Ministro do STF, foi meu cliente e que, por isto, sabe – ou devia saber – que não sou advogado de complacências ou cumplicidades."
José Gerardo Grossi se referia a Tomás de Torquemada, inquisidor espanhol do século XV; e à doutrina católica que defende o poder absoluto do papa e a impossibilidade de o pontífice errar em questões de moral e fé.
José Dirceu foi condenado no julgamento do mensalão a 7 anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto. Contudo, Jaquim Barbosa entendeu que Dirceu não pode trabalhar fora do presídio por não ter cumprido um sexto da pena. Na decisão, ele afirma que a oferta de emprego com salário de R$ 2.100 não passou de uma "ação de complacência entre amigos".