O advogado Lucas Villa, da família de Fernanda Lages, vai aguardar a posição do Ministério Público para tomar medidas sobre a investigação da morte da estudante, que completou dois meses nesta terça-feira (25) com inquérito remetido para a Justiça sem a indicação de suspeitos, segundo a Polícia Civil. Após a coletiva do delegado geral James Guerra e dos delegados da Comissão Investigadora do Crime Organizado - Cico -, Villa criticou o resultado divulgado para a imprensa.
"Eu estava esperando o relatório do inquérito policial. Se você pegar o item 8, que em tese deveria ser a conclusão, não cita o nome da Fernanda. Parece que esse é um relatório que está investigando outra coisa, parece que a polícia é investigada", disse o advogado, apontando que o nome do Ministério Público, protagonista ao lado da Polícia Civil da polêmica na apuração dos fatos, é lembrado 10 vezes.
Lucas Villa informou que, caso o Ministério Público ofereça a denúncia, ele irá se habilitar como assistente da acusação. Se o inquérito for devolvido, possibilidade mais ventilada, o advogado pretende sugerir algumas diligências.
Para o advogado da família, é estranho que o inquérito tenha sido concluído sem justificar por qual razão Fernanda Lages foi para a obra da futura sede do Ministério Público Federal, ou seja, ligar a vítima ao local do crime. "Como a polícia não tem nada até agora, ela se agarra com todas as forças nessa possibilidade de DNA, que é também uma das poucas esperanças que a gente ainda tem. Mas a autoria não precisa vir antes da motivação. A questão básica que já tinha que ter sido solucionada é explicar por que Fernanda foi morta naquela obra", disse.
Manchas de sangue de um homem foram encontradas no parapeito do último andar da obra, de onde Fernanda caiu. A polícia aguarda o resultado de 19 testes na próxima semana para identificar um suspeito na cena do crime. Se os resultados forem negativos, o caso continuará um mistério.
Perguntado sobre a possibilidade de se acionar a Polícia Federal para apurar o caso, Lucas Villa espera que a própria Polícia Civil descubra o que ocorreu. No entanto, com o impasse entre Ministério Público e delegados, "se na esfera estadual não estão se entendendo, que leve para quem se sentende. É uma ideia".