O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, Ricardo Izar (PSD-SP), está confiante quanto à aprovação do relatório preliminar que pede a investigação do deputado André Vargas (sem partido-PR). O documento foi apresentado na semana passada pelo relator Júlio Delgado (PSB-MG) e pede a admissibilidade da representação contra o ex-petista para apurar se suas relações com o doleiro Alberto Youssef o levaram a quebrar o decoro parlamentar. Vargas anunciou sua desfiliação do PT na última sexta-feira, depois de ser pressionado pelo partido a renunciar ao seu mandato. “Como ele não é mais do PT, acho que a continuidade da investigação não terá a oposição de nenhum partido”, diz Izar. O relator e o presidente chegaram a fazer, de maneira informal, logo depois da apresentação do relatório preliminar, um levantamento sobre o colegiado para esboçar como seria a votação do documento. Na ocasião, a expectativa já era de aprovação. Com os novos desdobramentos, sobretudo o pedido de desfiliação de Vargas, a avaliação anterior ficou comprometida, mas Izar disse não ter se debruçado sobre a lista de forma minuciosa novamente. Na tarde desta terça-feira, o Conselho de Ética volta a se reunir para votar o relatório preliminar, o que não pôde ser feito quando de sua apresentação por causa de um pedido de vista feito por Zé Geraldo (PT-PA). Perguntado a respeito de manobras regimentais proteladoras que pudessem impedir a votação nesta terça-feira, Izar disse não haver como impedir que ela aconteça. “Não vejo como. Cumprimos os prazos, notificamos, aceitamos o pedido de vistas, não tem por que não votar”, disse o presidente do Conselho. Deputados ausentes Na tarde de ontem, o corpo técnico do Conselho de Ética telefonou para os integrantes titulares do colegiado para confirmar a presença na sessão desta terça-feira. Quatro dos titulares, incluindo um petista, avisaram que não poderão participar da sessão. Sérgio Brito (PSD-BA) alegou motivos de saúde para se ausentar. Paulo Freire (PR-SP), Wladimir Costa (SDD) e Sibá Machado (PT-AC) alegaram problemas de agenda para justificar a ausência. Dos quatro ausentes, havia a expectativa de que pelo menos dois deles tenderiam a votar contra o relatório de Delgado que pede a admissibilidade da investigação: Wladimir Costa e Sibá Machado. As ausências anunciadas, aliadas ao movimento de desfiliação de Vargas, deixaram membros do conselho ainda mais confiantes quanto a aprovação do relatório. Se o documento for aprovado, o relator poderá iniciar a investigação colhendo provas com acesso ao inquérito da Polícia Federal. A PF se comprometeu a disponibilizar um agente para auxiliar o trabalho do relator tão logo o relatório preliminar fosse aprovado.