A Classe C quer falar ingl�s

Publicada em 26 de Abril de 2014 �s 11h40

Escola da Entry, em Diadema, na Grande São Paulo: metade do preço dos cursos oferecidos pela Cultura Inglesa Imagem: Reprodu��o/ExameClique para ampliarEscola da Entry, em Diadema, na Grande S�o Paulo: metade do pre�o dos cursos oferecidos pela Cultura InglesaOs moradores do bairro de Parada de Taipas, na zona norte de S�o Paulo, notaram um movimento novo em uma de suas principais avenidas desde janeiro. Num pequeno pr�dio cuja fachada destoa das constru��es simples da vizinhan�a, 300 alunos se revezam em turmas de segunda a s�bado na mais nova franquia da escola de idiomas CNA. A escola tem apenas quatro salas de aula, metade da m�dia das demais unidades. Al�m da diferen�a no porte, h� um contraste na mensalidade. Os estudantes pagam, em m�dia, 150 reais por m�s — 60% em rela��o ao restante da rede. Nos �ltimos dois anos, 311 escolas compactas como essa foram abertas. � mais que o triplo das 91 inauguradas nos moldes tradicionais no mesmo per�odo. saiba mais Classe C � a �nica que gasta mais do que ganha, diz estudo Classe C troca geladeira por TV a cabo e poupan�a Leia mais sobre Classe C Boa parte delas est� em bairros da periferia de cidades como S�o Paulo e Rio de Janeiro. Ir mais longe e cobrar menos faz parte de um esfor�o para atender um p�blico emergente. “A classe C � fundamental para a expans�o da marca”, diz D�cio Pecin, presidente da CNA, que faturou 775 milh�es de reais em 2013, quase 30% mais em rela��o ao ano anterior. Assim como a CNA, todos os principais grupos de ensino de idiomas entraram numa corrida para atender um novo perfil de aluno. De acordo com um estudo da empresa de pesquisa Data Popular realizado em dezembro, 11% dos entrevistados — de uma amostra total de 2 500 brasileiros com mais de 16 anos — pretendem se matricular num curso de idiomas neste ano. Metade deles pertence � classe C. A maioria esmagadora — 87% — afirma ter a inten��o de se matricular num curso de ingl�s. A demanda se reflete de maneira bem concreta nos resultados das escolas. Segundo a Associa��o Brasileira de Franchising, o setor faturou 4,8 bilh�es de reais em 2013, 47% mais do que no ano anterior. Uma s�rie de fatores explica o crescimento. O primeiro deles � o enorme mercado potencial de um pa�s em que quase ningu�m fala uma segunda l�ngua — realidade que o t�cnico de futebol Joel Santana personificou de maneira eloquente ao dirigir a sele��o sul-africana. E h� sinais claros de que, com o aumento do poder de consumo no pa�s, a educa��o avan�a no bolso dos brasilei�ros. Segundo a Data Popular, a classe C j� � respons�vel por 42% dos gastos totais com educa��o no Brasil. Al�m do aumento de renda, outro fator que contribui � a queda de natalidade entre as fam�lias de menor renda. Na d�cada de 80, elas tinham, em m�dia, 4,4 filhos. Em 2010, dado mais recente, o �ndice caiu para 1,7 filho por fam�lia. “O sonho de pagar um col�gio particular ainda est� distante da maioria. Mas um curso de ingl�s para complementar a forma��o do filho pode caber no or�amento”, diz Mario Matos, diretor da consultoria Plano CDE, especializada na popula��o de baixa renda. Microfranquias Hoje, mais da metade das escolas da CNA, dona de uma das estrat�gias mais agressivas para a classe C, j� faz parte do modelo compacto. O dado chama a aten��o quando se considera que esse formato surgiu h� apenas dois anos, enquanto a primeira escola da rede foi aberta em 1973, pelo empres�rio Luiz Gama, em S�o Paulo. A tend�ncia � que a import�ncia da classe C aumente nos pr�ximos anos. Em 2014, a CNA pretende abrir 70 unidades menores, mais do que o dobro das inaugura��es do formato tradicional. A rede tamb�m se prepara para lan�ar um novo modelo de escola com infraestrutura e pre�o ainda mais reduzido. S�o as microfranquias, com apenas duas salas de aula e mensalidade abaixo de 100 reais. “Criamos sobretudo para crescer na Regi�o Nordeste”, diz Pecin, da CNA. Outra empresa a seguir esse caminho � a Fisk, com faturamento de 900 milh�es de reais em 2013 e 894 escolas espalhadas pelo pa�s. A rede tamb�m montou escolas pequenas na periferia de grandes cidades, nas quais oferece menos op��es de hor�rio e professores. Desse modo, pode repassar a economia para a mensalidade dos alunos. Estudar na Fisk no bairro paulistano do Morumbi custa, em m�dia, 250 reais mensais. Na unidade do Jardim �ngela, periferia de S�o Paulo, inaugurada em agosto de 2013, sai por apenas 150 reais. Para falar diretamente com a classe C, algumas redes decidiram fazer mudan�as mais profundas. � o caso do Grupo Multi, controlado pelo brit�nico Pearson e dono de uma rede com cerca de 2 000 escolas com marcas como Wizard e Y�zigi. Em 2007, a empresa comprou a rede paulista Skill, dedicada ao p�blico da classe C. Atual�mente com mais de 200 unidades, j� � a terceira maior marca do grupo, atr�s apenas da Wizard e da Y�zigi. Manter a marca separada n�o foi uma decis�o casual. Quase nada na Skill funciona como na Wizard. As diferen�as v�o al�m do pre�o e da localiza��o. A mais not�ria � a dura��o do curso. Na Skill, o aluno pode ir do n�vel b�sico ao avan�ado em tr�s anos. Na Wizard, a mesma trajet�ria leva o dobro do tempo. Na Entry, segunda marca da Cultura Inglesa de S�o Paulo, um aluno iniciante chega ainda mais rapidamente ao n�vel avan�ado — em apenas dois anos. Na Cultura Inglesa � necess�rio dedicar mais do que o dobro do tempo e pagar duas vezes mais. “Esse novo aluno precisa do ingl�s para ontem, at� porque ele come�a o curso entre 16 e 24 anos, quando em geral j� est� atr�s do primeiro emprego”, diz Anamaria Pelegrini, principal executiva de opera��es da Entry. A m�gica de redu��o do tempo para formar alunos se explica pela diferen�a do conte�do dos cursos. A maioria deles eliminou parte do ensino de gram�tica para focar a conversa��o. Foi o que fez a Abril Educa��o, do Grupo Abril, que publica EXAME. A empresa possui quatro marcas de ensino de l�nguas. Uma delas, a YouMove, criada em 2010 e j� com 80 unidades, dedica-se � classe C. As aulas giram em torno de situa��es pr�ticas, como uma conversa telef�nica. A Englishtown, maior escola virtual de ingl�s do mundo, criou no fim de 2013 o m�dulo Smart Start (algo como “come�o inteligente”), que s� existe no Brasil e tem a inten��o de oferecer no��es b�sicas de ingl�s. Por 89 reais mensais, o curso promete levar o aluno at� o n�vel intermedi�rio em seis meses. Dos 100 000 alunos que est�o no Brasil, quase 2 000 j� se inscreveram no programa de ensino expresso. A proje��o de crescimento � de 100% neste ano. O modelo de marcas dedicadas permite especializa��o mais apurada. Por outro lado, exige esfor�o redobrado pa�ra torn�-las conhecidas. Para redes como a CNA, que tem uma �nica marca, a tarefa � mais simples. Em janeiro, a em�presa pagou 7 milh�es de reais ao Santos para estamp�-la no uniforme dos jogadores. � a primeira vez que patrocina um time de express�o nacional. Para tanto, concentrou o investimento realizado at� ent�o na compra de espa�o publicit�rio em est�dios. At� agora, a maior parte das empresas com marcas dedicadas � classe C concentra a aten��o em promo��es locais, como oferecer descontos a alunos de escolas de ensino b�sico ou m�dio da regi�o. Franqueados da rede Skill, do grupo Multi, s�o orientados a fazer acordos desse tipo com pelo menos tr�s escolas pr�ximas � nova unidade antes da inaugura��o. Outra t�tica � instalar as escolas nas principais avenidas dos bairros. “A maioria dos alunos mora num raio de 3 quil�metros”, diz Anamaria, da Entry. O Brasil ainda ser� um pa�s essencialmente monoglota por d�cadas — mas, felizmente, come�amos a avan�ar.

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:

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