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A 500 metros da casa de Bolson

A 500 metros da casa de Bolsonaro, hotel cinco estrelas na Barra se torna

Publicada em 05 de Novembro de 2018 �s 07h47


RIO - Capital do país até 1960, quando o Distrito Federal se transferiu para Brasília, o Rio voltou a ter protagonismo político com a eleição de Jair Bolsonaro para presidente. Na nova era, as articulações e intrigas do poder, que no passado tinham a Baía de Guanabara como cenário, agora têm o luxuoso Hotel Windsor, com vista para o mar da Barra, como testemunha.

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Localizado a 500 metros do condomínio de Bolsonaro, o cinco estrelas tem recebido, desde a reta final do primeiro turno, a cúpula da campanha, empresários e políticos que buscam aproximação com o eleito. O trajeto entre o hotel e a casa do capitão da reserva, que viaja amanhã a Brasília, foi feito incontáveis vezes entre aliados desde que ele recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 29 de setembro.

Morador da Gávea, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi ao local no dia 23 de outubro tomar café da manhã — R$ 60 para não hóspedes — com parlamentares da bancada da bala que fariam uma visita a Bolsonaro. Em um movimento de costura para sua reeleição, saiu dali a notícia de que a flexibilização da Lei do Desarmamento seria colocada em votação até o fim do ano.

Foi ali também que o juiz Sergio Moro, na última semana, fez uma parada estratégica para o seu desjejum e ir ao banheiro por duas vezes antes se encontrar com Bolsonaro e aceitar o convite para ocupar o “superministério” da Justiça. Moro teve, além dos policiais federais, o apoio da segurança do hotel para usar uma saída alternativa e driblar a imprensa.

Diária mais barata: R$ 421
O investimento para ter o Windsor como base tem sido alto. O quarto mais simples por ali custa, com taxas, R$ 421,46 a diária. De segunda a sábado, o bufê executivo no restaurante custa R$ 83, fora bebida e os 10%. Aos domingos, é servido um brunch por R$ 140. Um café expresso no bar do lobby, que se tornou uma espécie de comitê de imprensa, é R$ 7,20.

Alguns aliados praticamente se mudaram para o Windsor, como o senador Magno Malta (PR-ES), que já se anunciou como ministro, o produtor rural Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista, e o deputado federal eleito Julian Lemos, ex-segurança e articulador político da candidatura no Nordeste.

O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil, também costumava se hospedar no hotel, mas, desde a véspera do segundo turno, tem ficado num apartamento em um prédio ao lado. Onyx diz que é uma generosidade de um amigo. O general Augusto Heleno, confirmado como ministro da Defesa, também escolheu o local nas duas vezes em que esteve no Rio para se reunir com Bolsonaro.

No dia da votação do segundo turno, o Windsor recebeu até moradores do Rio, entre eles o advogado Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL, um dos coordenadores da campanha e morador do Leblon. Por orientação dele, o segundo escalão da campanha também fez check-in no Windsor para esperar a vitória de Bolsonaro e evitar o trânsito causado pela comemoração. No dia seguinte, o café da manhã parecia uma excursão do time de Bolsonaro.

Na votação do primeiro turno, um salão do Windsor foi montado para Bolsonaro dar uma entrevista coletiva. Ele não apareceu e preferiu falar por meio da internet. O então candidato só surgiu no local quatro dias depois para uma reunião com deputados eleitos pelo PSL.

Após o encontro, os cerca 50 políticos do partido de Bolsonaro aproveitaram para confraternizar a vitória nas dependências do hotel com cerveja a R$ 13 e Aperol Spritz, a R$ 30. Para acompanhar, camarões empanados por R$ 76 a porção.

Oriundos de diversos estados, foi a primeira vezes que muitos, que se conheciam apenas na internet, se encontraram pessoalmente. No bar do hotel, os novos parlamentares conjecturavam sobre ministros, repercutiam os resultados das eleições e gravavam vídeos para abastecer redes sociais. Houve espaço até para confissões de quem têm “familiares de esquerda” e a favor do movimento “#EleNão”, apesar de, segundo eles, “serem boas pessoas e contra a corrupção.”

Entusiastas da candidatura de Bolsonaro também se hospedam por ali. No primeiro turno, um apoiador constrangia insistentemente a atendente do bar do hotel para que ela falasse inglês. Outro, que mantém um canal no YouTube, brigou com funcionários para que tivesse acesso ao local que estava sendo preparado para a entrevista coletiva.

No dia da votação do segundo turno, o Windsor foi cercado por policiais civis do Coordenadoria de Recursos Especiais (Core); dois deles armados com fuzis chegaram a circular dentro do hotel.

Parte dos apoiadores esperou a apuração diante da TV, a única instalada no bar do hotel. Ao sair o resultado, começaram a gritar contra institutos de pesquisas e a imprensa. O grupo também passou a hostilizar repórteres que estavam no local.

No dia seguinte à vitória, um homem vestido com camiseta amarela, sentado em um das poltronas do lobby, ouvia Hino do Exército em volume alto. No quartel-general do capitão Bolsonaro, ninguém se incomodou.

Tags: A 500 metros da casa - Bolsonaro - Localizado a 500 met

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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