Alguns presos que estavam detidos na Central de Flagrantes em Teresina foram transferidos nesta terça-feira (5) após uma rebelião que deixou parte da delegacia com a estrutura comprometida. Segundo o delegado geral James Guerra, 20 detentos serão encaminhados para o sistema prisional e outros 13 irão aguardar a abertura de vagas. O delegado não citou para quais penitenciárias os presos serão levados.
“Na há condições dos presos permaneceram aqui na Central porque foram usadas serras para retirar vergalhões da estrutura da parede e várias celas ficaram destruídas. Teremos que fazer uma reforma para recuperar o que foi destruído. Queremos transferir todos os presos, mas nesse primeiro momento conseguimos apenas 20 vagas e as demais dependem da Secretaria de Justiça”, declarou.
O delegado não confirmou os nomes dos presos que foram transferidos, mas conforme um agente de plantão, um dos detentos que foi retirado da Central de Flagrantes é apontado como responsável por articular toda a rebelião.
Familiares preocupados
Familiares dos detentos que estavam presos na Central de Flagrantes estavam bastante apreensivos e preocupados com a situação após o tumulto. A tropa de choque da Polícia Militar foi acionada para controlar o motim e segundo agentes de plantão, os detentos chegaram a quebrar paredes e serrar algumas grades das celas. A Rua Ricardo Seabra, que passa ao lado da delegacia teve que ser interditada e no local era possível ouvir barulho de bombas e tiros.
A tia de um presos, que não quis se identificar, revelou qual seria o motivo da confusão. Segundo ela, o tumulto começou após uma medida administrativa que impediu visitas devido a tentativa de fuga ocorrida na madrugada dessa terça-feira (4).
“Um agente que estava de plantão me contou que por volta de 23h dessa segunda-feira escutou barulho de serra e alertou aos outros policiais da tentativa de fuga. Homens do Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial foram chamados e impediram a fuga. Como pena, eles foram impedidos de receber o café da manhã e por isso se rebelaram”, contou.
A vendedora autônoma Remédios Araújo chegou à Central de Flagrantes por volta de 7h desta terça-feira, mas foi impedida de entrar por conta da rebelião. Ela havia ido deixar o café da manhã para o filho que está preso há 12 dias.
“Quando cheguei a rebelião já estava acontecendo e não me deixaram entrar para entregar o café. Também não me informaram qual era a situação deles lá dentro. Ter um filho preso nesta situação é complicado. É preciso ter coração forte para aguentar este tipo de coisa", afirmou a vendedora.
No dia 20 de julho, policiais do Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial (BpRone) foram acionados para fazer uma vistoria na Central de Flagrantes e localizaram três buracos feitos pelos detentos na parede de uma das celas da unidade e conseguiu evitar a fuga de pelo menos 18 presos.
Em novembro do ano passado, 21 presos fugiram da Central de Flagrantes após serrar a grade de uma janela. Uma semana antes a polícia já havia contido um tumulto feito pelos detentos que ameaçaram quebrar cadeados e fugir. O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Carreira do Estado do Piauí (Sindepol) chegou a enviar vários ofícios às secretarias de Segurança e Justiça solicitando a transferência dos detentos e alegou que não seria competência da Polícia Civil fazer a custódia de presos.