Uma análise feita pela CPI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro apontam que 1.365 pessoas com mandados de prisão doaram dinheiro para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, as doações somam R$ 27.227,06.
O trabalho foi feito por uma equipe de servidores especialistas cedidos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI).
O levantamento levou em consideração todas pessoas com registro de mandado de prisão registrado no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP).
Um único doador enviou, de uma única vez, R$ 5 mil para o ex-presidente.
A análise feita ainda apurou que, ao todo, Bolsonaro recebeu R$ 18.151.374,38 entre 20 de junho e 31 de julho em 809.839 transferências via Pix de 770.226 pessoas diferentes.
O documento não foi anexado ao relatório final da CPI, feito pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e aprovado na quarta-feira (18), por não se tratar do tema de investigação da comissão.
Os dados diferem do que foi apontado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do ex-presidente, enviado à CPI, por ele se limitar até o dia 7 de julho, enquanto o novo documento vai até o final do mês.
CadÚnico
Parte das 770 mil pessoas que enviaram alguma quantia à conta do ex-presidente, quase um terço delas (244.927) possuem registro no Cadastro Único (CadÚnico) - serviço do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Ao todo, essas 244 mil pessoas doaram R$ 2.461.326,37 para Jair Bolsonaro. Dentre este grupo, 22 pessoas doaram acima de R$ 1 mil, totalizando R$ 24.462,11, média R$ 1.111,91 doado por pessoa.
Além disso, foram identificadas 150.196 pessoas entre aqueles que possuem renda abaixo ou igual a dois salários-mínimos. Ao todo eles doaram R$ 1.900.448,90.
Neste grupo ainda foram encontradas 50 pessoas que doaram acima de R$ 1 mil, totalizando R$ 58.834,00.
Investigados pela CPI
O levantamento ainda identificou que 249 pessoas que foram investigadas pela Comissão doaram alguma quantia em dinheiro para o ex-presidente.
Dentre eles, o ex-ajudante de ordens, Osmar Crivelatti, que transferiu R$ 2. Também foi identificado que Marcelo de Ávila, policial rodoviário federal, suspeito de fraudar licitação para beneficiar a Combat Armor, enviou R$ 22,22.
Outros três possíveis financiadores do George Washington, que tentou explodir o aeroporto de Brasília no dia 24 de dezembro, também foram identificados, transferindo, ao todo, R$ 850.
A vaquinha
As doações foram feitas em função de uma campanha de vaquinha criada por apoiadores de Jair Bolsonaro para pagar multas que ele possuia junto à Justiça.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostra que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões por meio de Pix de janeiro a julho deste ano.
A campanha foi anunciada no dia 23 de junho. Parlamentares e ex-integrantes do governo divulgaram amplamente a chave Pix do ex-presidente dias antes das postagens pedindo doações ao ex-presidente.
A Justiça de São Paulo tinha bloqueado mais de R$ 370 mil de Bolsonaro pelo não pagamento de multas durante a pandemia por não ter usado máscara em diversas ocasiões.
Apuração PF
A Procuradoria-Geral da República defendeu o envio, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Polícia Federal, de um pedido feito por parlamentares sobre a vaquinha recebida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ao STF, parlamentares afirmaram que a maioria dos doadores da vaquinha figura como investigada por atos antidemocráticos.